A Não me solta se eu voltar pra casa com as mãos sujas de pólvora Revista Kuruma'tá, 25 de novembro de 202029 de novembro de 2020 Eu me perdi aos quatro anos de idade em meio à multidão na areia, naquela manhã escaldante de sábado, segurando um picolé de chocolate na mão direita. Enquanto ele derretia e percorria dedos, palma e pulso, doce e gelado, algumas lágrimas, salgadas e mornas, desciam as bochechas feito alpinistas desistindo da montanha. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading
A O número mais perigoso do mundo é retorcer um coração Revista Kuruma'tá, 16 de outubro de 202018 de outubro de 2020 Meu avô era o Homem Mais Forte do Mundo. Quem me contou foi a minha avó, que o conheceu ainda na tenra idade, quando ele fugiu com a cidade deixando pra trás toda a família circense. Dizia ela que os bíceps, tríceps e quadríceps dele já não davam mais conta do exaustivo e intenso intento diário de carregar tudo nas costas. E eram assim, por detrás da coxia, tremendo de frio com os músculos à mostra, que meu avô invocava o choro mais forte do mundo. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading
A Ainda que de olhos fechados você saberá onde eu estarei Revista Kuruma'tá, 11 de setembro de 202012 de setembro de 2020 Por mais que fechemos os olhos porque o corpo se entrega ao desafio cego da rotina, sabemos que as nossas mãos vão se em pleno voo, no ar, bem acima das cortinas, no vazio dos olhares desconfiados de um respeitável público ávido pelo mútuo fracasso. E daí se ninguém aplaudir? O espetáculo do destino está em despistar o errante mesmo diante de um erro de cálculo. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading
A Sobre fazer casas de papel com mãos trêmulas Revista Kuruma'tá, 11 de agosto de 202012 de agosto de 2020 Uma cidade qualquer, não importa. É mister saber que são três da madrugada e que, no canto do bar, encostada na parede mofada, há uma máquina daquelas de tocar músicas. Vai lá, pega uma moeda nos fundilhos dessa calça desalinhada e desbotada e escolhe uma. Deixa por minha conta a próxima rodada. [Texto de Eduardo Frota} Continue Reading
A Tenho quase Revista Kuruma'tá, 6 de agosto de 202011 de março de 2021 Quase é um advérbio. É uma palavra invariável que funciona como um modificador de um verbo. Ela tem me modificado. Afinal, tenho quase 30. Tenho quase coisas. Quase eu consegui. Quase acabou. Quase eu recebi. Quase eu fui contratada. Foi por pouco. Foi quase. Quase. Quaaase, rapaz [Texto de Caru] Continue Reading