A O juazeiro e o tamarineiro Revista Kuruma'tá, 1 de abril de 20221 de abril de 2022 Texto de Toinho Castro — Ontem, eu e Raquel, minha companheira das trilhas desse mundo, realizamos o que, durante a longa quarentena da pandemia, batizamos de Mini São João. Acontece que, cumprindo a missão de não se expor ao vírus e nem ajudá-lo a circular, nos detemos em casa por um longo… Continue Reading
A A lua lá fora Revista Kuruma'tá, 1 de setembro de 20201 de setembro de 2020 Hoje desci pra levar o lixo lá para o lugar do prédio em que o lixo espera, em estado fermentativo, até ser levado para o lugar onde todo o lixo do mundo se acumula e nos espera. Na verdade avança metro a metro sobre nós. Mas não é sobre isso que quero falar, e sim sobre descer as escadas desde meu terceiro andar até o térreo, de máscara, para me livrar do lixo e dar com aquele portal mágico que se tornou a porta da rua do nosso prédio. Lá estava ela, fechada, com seus vidros transparentes, através dos quais eu via a rua. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading
A Tenho quase Revista Kuruma'tá, 6 de agosto de 202011 de março de 2021 Quase é um advérbio. É uma palavra invariável que funciona como um modificador de um verbo. Ela tem me modificado. Afinal, tenho quase 30. Tenho quase coisas. Quase eu consegui. Quase acabou. Quase eu recebi. Quase eu fui contratada. Foi por pouco. Foi quase. Quase. Quaaase, rapaz [Texto de Caru] Continue Reading
A Astronautas Revista Kuruma'tá, 2 de agosto de 20204 de agosto de 2020 A imagem não é muito boa, há sempre algum ruído e a gente sente o esforço dos dados, dos pixels, para migrar entre nós, carregando as imagens de uns para os outros. O som é sempre um pouco metálico, estranho, sempre um pouco fanhoso, porque nossos microfones e altofalantes, ou fones de ouvido, não são mesmo grande coisa. Então enquanto eu converso com alguém, tento filtrar aquele som pela memória, a fim de recuperar a voz da pessoa. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading
A Desvirado pra lua Revista Kuruma'tá, 16 de junho de 202011 de março de 2021 Eu não, já me acostumei. A mãe sempre diz que nasci “desvirado pra lua”. Sei não. Desde a ocupação que teve lá na escola, tem uns colegas falando umas coisas diferentes, políticas, umas palavras difíceis, ainda não consigo entender tudo, mas fazem mais sentido do que as palavras da mãe. As pessoas acham que na perifa só tem analfabeto ou burro. É que só estudar não garante nada, não. Continue Reading