Erick Bernardes, o chefe da “Cambada”!

Texto de Eduardo Maciel


Queridos kurumateirxs, como estão? Espero que se encontrem bem!

Hoje vim apresentar a vocês um escritor fantástico: Erick Bernardes. Natural de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e para mim o atual bambambã das crônicas.

Conheci o Erick de uma forma super inusitada: ele escreveu a primeira crítica literária que recebi na vida, por ocasião da publicação do meu primeiro livro da série literária de resgate cultural dos sonetos, o SonetATO. A opinião dele está gravada para sempre na orelha do livro. Essa eu devo à Autografia Editora, que me publica.

Em seguida, pude conhecê-lo pessoalmente em um grupo cultural ligado à literatura (sobretudo a poética), lá em sua terra natal, e ao redor desse grupo acabei me aproximando mais dele. E, como não poderia deixar de ser, acabei mergulhando em seu trabalho. Essa eu devo ao Universo.

Durante o mergulho, ainda em curso, me rendi totalmente à qualidade da sua produção escrita, em especial as crônicas, publicadas em um periódico local e compilada em um livro.

Se vocês se dedicarem a ler o seu trabalho, ficarão maravilhadxs com as narrativas, extremamente bem costuradas e com um estilo que é só dele.

Recentemente, lançou um livro chamado “Cambada”, onde nos revela, através das crônicas compiladas, a realidade de vários bairros (no sentido histórico e afetivo), de São Gonçalo. E vai além, adicionando em cada texto uma pitada de curiosidades e ficção sobre esse município, o segundo maior do Estado do Rio de Janeiro em densidade demográfica. 

Eu mesmo me confesso estupefato com a riqueza de informações que nos revela. Além, é óbvio, do inestimável serviço que presta aos gonçalenses sobre suas raizes.

Fica a dica de leitura: porque as histórias se repetem sem serem as mesmas, se conectando a ponto de podermos até mesmo fazer paralelos com a história de nossas próprias cidades. 

Resolvi entrevistá-lo para que saibam um pouco mais sobre ele, por fora das minhas lentes já tendenciadas pela admiração que lhe dedico, como pessoa e como artista. 

Então, sem mais delongas, vamos ler o que ele tem a dizer? Preparados? Então tá!


Erick, como é o teu processo criativo?

Eu vivo pensando em literatura, por isso costumo pensar cotidianamente aquilo que vou escrever. Não me isolo para projetar, levo a vida normalmente e, às vezes, me pego planejando o que vou escrever. Quando paro pra lançar na pagina do word as histórias, as narrativas nascem rapidinho, porque já foram maturadas na minha mente.

Por que escrever crônicas?

Confesso que não sei ao certo. Provável que seja por se tratar de uma espécie de texto híbrido, que aceita jogos de linguagens mais livres e prazerosos.

O que você gostaria de despertar no seu leitor?

Sobretudo o prazer acrescido do conhecimento. Entretem-se quem lê, aprende-se sem saber que está aprendendo.

Fala um pouco pra gente sobre seus livros e o trabalho de memória que você faz em São Gonçalo?

São frutos das convivências e interlocuções; cada livro traz as pessoas e lugares com os quais tive algum tipo de contato. O Panapaná (contos) está mais para minha memória de infância. Já o Cambada é parte do cotidiano mais próximo de agora, o livro contém memórias, mais ou menos permeadas pela ficção.

Como você se definiria?

Bem, etimologicamente definir é oferecer um fim explicativo (de+finis). Mas posso projetar um avatar e tentar me enxergar a partir de outro olhar mais abrangente. Creio que sou um ser que se doa através da arte, um homem em eterna construção, pai de família superpreocupado com o crescimento dos filhos e o futuro das crianças nesse mundo de tecnologias cada vez mais difíceis de acompanhar. Tenho minhas vaidades, claro, gosto de ser lido e comentado. Adoro ver a galera se divertindo com meus livros. Críticas negativas não me agradam (acho que no fundo ninguém gosta), mas preciso dessas críticas para me ver por outro ângulo e melhorar. Até porque eu também sou crítico literário profissional, algumas vezes preciso fazer com os outros aquilo que não gosto que façam comigo.


Ainda bem que a crítica que ele escreveu sobre o meu livro não se encaixou nessa última hipótese! Ufa!

Bem, queridxs, espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre esse talentoso escritor, e espero mais ainda que se dêem uma chance na leitura dos seus livros (para quem ainda não teve esse privilégio, é claro).

Tenho visto nas redes sociais campanhas, dentro da atual circunstância pandêmica e de isolamento, incentivando as pessoas a “abraçar um artista”. 

Convido a todos vocês que o abracem, num abraço coletivo mesmo, virtual e vigoroso. Vocês não hão de se arrepender!

Fiquem em casa. Fiquem bem.