Texto de Toinho Castro
Chegar até a beira do mar, com a atração dessa luz que parece ser de uma lua muito cheia, superexposta. Mas que também pode ser o sol nascendo. Uma fotografia é pouco para falar desse mar, mas é o que temos. Há pontos luminosos que parecem flocos de neve flagrados por um flash e que, provavelmente, são defeitos da ampliação ou do negativo. Algo a ver com fungos que nasceram e morreram ali mesmo, na superfície do papel.
Quem quer que tenha feito essa foto, pode ter caminhado até as águas e molhado os pés, observando a onda aproximar-se e quebrar em espuma, um pouco antes de alcançar a areia.
Câmera na mão, feliz com uma possível bela foto, retornou. Para onde? Ou para quando? Ouvi falar, e você pode ter ouvido também, sobre a lenda de certa viajante do tempo cujo passatempo era tirar fotos com as câmeras da época que ela estivesse visitando. Então, antes de partir para uma nova viagem, ela revelava as fotografias e as deixava ali mesmo, em lugar qualquer. As fotos se misturavam a outras fotos, à vida das pessoas e se perdiam, sumiam no mundo.
E aí é que começa a verdadeira diversão dessa curiosa viajante. Lá no seu futuro, ela tenta reencontrar cada fotografia do seu percurso, visitando feiras, mercados de pulga, lojas de antiguidades e outras situações que o acaso posso proporcionar. E a cada foto reencontrada, uma alegria indescritível um reencontro. O cheiro do mar, do sal… a água nos pés. O sabor da aventura e os olhos cheios de lágrimas.
Foto de autor desconhecido, adquirida numa barraca da feira de antiguidades da Praça XV, no Rio de Janeiro. No verso, uma anotação feita a mão aponta que tenha sido tirada na praia de Areia preta, em Natal, no Rio Grande do Norte.
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