Melhoras pra moça que não estava resfriada

CARU chegou! CARUMA’tÁ! Riqueza de artista, cantora, compositora ( e também arquiteta, urbanista e cenógrafa!)… Conheci CARU, primeiro indiretamente, via o querido demais Jorge LZ, parceiro/irmão da Kuruma’tá com seu Programa na Ponta da Agulha! Depois diretamente, pessoalmente, assistindo ao show lindo da Livia Nery no Festival Levada!

Contatos facbookianos trocados, acompanhando postagens, fotos, sagacidades, lançamentos, como o do belíssimo clip NINA (Assistam aqui!), que veio à luz no último 22 desse novembro! Aí, de repente, dei com seus escritos… e que jeito de Kuruma’tá que eles têm! Convidei e, convite aceito, eis o primeiríssimo texto da CARU ara a nossa Revista! Iluminando as páginas da nossa revista!

Seja bem-vinda, CARU!

Toinho Castro [Editor]

Texto de CARU


Tocar e ser invisível. Sumir. Desaparecer. Ouvi isso hoje e pensei. Pensei muito, como é do meu costume. Tentei pensar em algo que eu tivesse feito nessa vida que tenha me trazido essa sensação de desaparecimento. Nada me veio à mente, ainda. Nada me vem. Até agora, arrasto pra baixo o telefone celular pra não achar nada. Escrevo porque assim, talvez, eu reative a memória de algum momento de invisibilidade do passado. Flutuo no breu do cérebro. Hoje eu chorei na rua. Tentei esconder. E a moça que vende paçoca na porta do restaurante achou que fosse resfriado. Ainda assim, não acreditei. Ela esqueceu de tentar me vender a paçoca. Também não me pediu nada. Só me desejou: “melhoras, moça”. Um olhar que parecia pena. Ou consolo. Eu acho que – falando comigo – ela fingiu que eu estava resfriada. Aliás, eu tenho disso também. Se adivinhasse ali a minha verdade eu choraria mais. E eu não estaria invisível. Talvez quando eu cante. Talvez quando eu fique na janela escrevendo qualquer coisa sem sentido num caderno quase cheio de bobagem. Voltei pra casa e acendi um cigarro. Cigarro. Eu disse que não ia fumar hoje. Fumei. Achei que eu realmente estivesse invisível. Entrei no elevador fumando. Só me dei conta quando cheguei aqui dentro, na sala de casa. Acho que ninguém me viu. Nem eu me vi por alguns poucos segundos. Será que eu tô invisível até agora?