A Cálida noite de Eduardo Ezus

Revista Kuruma´tá recomenda! —


É de Natal, a Cidade do Sol, que vem a poesia de Eduardo Ezus, que está lançando, em novembro, seu segundo livro, Cálida Noite. A Kuruma’tá, que aposta na nova poesia, na descentralização criativa e na diversidade de vozes, fica feliz demais com essa publicação.

Lançado pela Margem Edições, de Belo Horizonte, o livro está em pré-venda até 16 de novembro, e se você acredita na poesia independe como a gente, chegue lá e reserve o seu.

Generosamente, Eduardo compartilha com a gente dois dos seus poemas:

*
Ali haveremos de retomar
o passeio sobre os instantes
e descalços sobre espessa areia fina
seremos como a noite é para a lua
o manto
À tábua rasa dos desejos
finda a sombra arvoreira
o mundo desabará
como em úmidas camadas salgadas
e entre as vagas será de vagar
a nossa vida.

*
De brumas a mover-se
em fulgor disperso no ar
é a matéria deste pensamento
Seguindo o itinerário tonto
em solo segue – tal qual o mar
também o sertão
esse lugar sem bússola
extenso e estreito
enquanto vaga o olhar
como em onda fosse brilho
e brio de existência líquida.

 

Da quarta capa de Cálida noite

É à noite – na desorganização das cidades – que se libera o calor residual do dia, retido nos telhados, nos prédios, no asfalto. É o retrato que se evola quando o sol se esconde deixando suas impressões, e só ao poeta cabem as chaves desse enigma, que nos revela, nos ilumina, através de seus versos. Tal qual o barqueiro, aqui é o jovem Eduardo Ezus quem conduz à jornada da madrugada interior, deslizando sobre o Aqueronte a tinta de seu barco ébrio em seu livro de estreia, Cálida Noite. É preciso coragem para a aventura, pois “Onde navego, o silêncio reina” nos diz. “Já não importa se as páginas / são escritas à beira do abismo”. 
Aviso aos navegantes.

– William Eloi, escritor.

Eduardo Ezus