Nós e Lou Revista Kuruma'tá, 2 de maio de 20222 de maio de 2022 Poema de Toinho Castro — Com discos de Lou Reednas mãos,sentamos junto ao cinema O incrível feitode ter comprado dois grandesdiscos no mesmo dia dois discos sobrea perda e a mortee nós alitão cheios de vidasorrindocom a maresia da brisade boa viagemno nossos rostos quem éramos nós ali?não éramos o futuroou o passadoéramos dois mas aqueles discosfaziam de nós uma única pessoaapaixonados que éramospor Lou ReedLou Reed que nem sabia de nósem seu apartamentoem Nova York mas isso não era culpa de Lou Reed as pessoas nascemem cidades diferentesdistantes umas das outrasidiomas diferentesuns gravando discose outros comprando não lembro se fomospra minha casa ouvir os discosou se nos despedimos ali mesmoao lado do cinemaonde certa vez vimos juntoscinema paradiso e choramoscomo criançascom os beijos perdidosde celuloide já em outra cidademais de 30 anos depoisescuto aqueles discos de Lou Reede lembro de você você em Nova York, a mesma de Loumas outrajá depois de Louque morreu sem sabero quanto o amávamos e eu e vocêdas nossas distânciasainda trocamos esse amorainda colocamos esses discospra tocarainda nos emocionamos e lembramosde certa tarde, jovens aindafelizes como nuncacom discos de Lou Reed nas mãos e amor um pelooutro Para Vânia A AmizadeBoa ViagemCinemaLou ReedPoesiaRecife