Nova Iguaçu de letras

Hoje a cidade de Nova Iguaçu, aqui juntinho do Rio de Janeiro, ornando nossa fronteira, completa 187 anos de fundação. O poeta e professor Nonato Gurgel, colaborador fiel da nossa revista e que leciona há 10 anos na cidade mais antiga da Baixada Fluminense, escreveu um poema em lembrança à data e o compartilha com a gente aqui na Kuruma’tá! E recebemos esse contribuição com alegria, pois traz a riqueza poética Nonato e nos aproxima de Nova Iguaçu nesse dia lindo, e também da Baixada. E a assim a gente vai chegando junto de cada cantinho desse mundão que é o Brasil. — Toinho Castro [Editor]

Poema de Nonato Gurgel


Nova Iguaçu de letras

Para Victória Villanova e Filipe Cortes

O naturalista Auguste Saint-Hilaire leu
as plantas do Tinguá no século XIX
e anotou em seu diário as ferrarias
e os armarinhos de Aguassú

O iguassuano Barros Junior fundou
o jornal Operário da Liberdade e publicou
dentre outros um título fúnebre
em parceria com Fagundes Varela

Nos anos 20 do século XX
Oswaldo de Andrade também mira
nos armarinhos ‘no país sem pecado’
onde Augusto Frederico Schimdt gerenciou uma serraria

A Arcádia Iguaçuana de Letras é fundada
nos anos 50 na terra de Pereira da Silva
onde na década de 60 moravam
Gordurinha e João do Vale

São títulos lançados nos anos 70
Primeira antologia do escritor iguaçuano
Memórias de um varão castrado
e O que restou dos laranjais em flor

Quem leu a montanha verde e limpou
laranjais no desabrigo da Baixada
‘ora seu poste vá à merda’
foi o banido Antônio Fraga

Ele chamou de ‘aproveitador de palavras’
o autor Moduan Matus que coletou
algumas dessa letras no século XXI
no livro a História de Nova Iguaçu


Vista aérea de Nova Iguaçu, em 20 de setembro de 1940 – Foto: Arquivo Nacional

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