Lucía tinha acabado de descobrir, ao ir num enterro, o primeiro naquela terra, que a morte é o nascimento ao contrário. Não o contrário do nascimento. E que se viemos do nada e nos transformamos em matéria, o nada não chega a ser nada, mas alguma coisa. Mesmo raciocínio com a morte, que dizem nos levar ao nada que, no entanto, também é a mesma coisa de antes do nascimento, ou seja, alguma coisa. Procurava explicações pra tudo embora quase nunca as encontrasse. [Texto de Adriana Nolasco]
Categoria: Adriana Nolasco
Adriana Nolasco escapou da medicina, com sofreguidão. tem uma produtora carambolas, muito prima de coletivos poéticos de cunho anárquico. Entre outros planos, faz filmes, cometendo em quase todas as funções, com especial apego à fornalha. Além, cutuca as letras e seus avessos, muitas vezes com vertigem no céu da boca. Adestra sombras em conluio com a sorte e garimpa flores com a mesma astúcia que encontra esbarrões. Já lavou calçadas, especulou em bolsas obtusas, traficou marfim em continentes distantes. atualmente, pensa em não pensar, com muita dificuldade. Adriana publicou em 2018 o livro Até quase perto, pela editora Urutau. Participou da antologia ou coletânea, não sei como se diz, “As coisas q as mulheres escrevem”, organizada pela editora Desdêmona e lançada em março de 2019.
Elton e Diadora
Elton levou exatamente 5 anos e 10 dias para aprender a amarrar seus sapatos e sabe cantar, no momento, precisamente 27 canções. Também faz as melhores chaves e percebe principalmente as pequenas coisas. Quanto menores, melhor. Naquele dia foi chamado de emergência no plantão. Teve que subir as escadas porque faltava luz no prédio velho, azul e encantador. [Texto de Adriana Nolasco]
Lucía, com acento no i e sotaque de Barcelona
Lucía quase nunca parava e gostava de ver tudo se mexer. Árvores, carros, lesmas, até as pedras tinham movimento. Estava sempre entre um ponto e outro e nesse estado se mantinha até que parava e constatava que a viagem tinha finalmente acontecido. [Texto de Adriana Nolasco]