O som dos pássaros na ponta da varanda. Uma cama que eu tenho saudade. Música bonita pra dormir. Luz lilás para dormir. Ou azul. Eu me sirvo de água – enquanto ainda tem para comprar – e me deito. Eu me deito como se o meu lençol fosse o teu. Como se o meu travesseiro fosse, pra você, o meu colo. Imito gestos seus – sem querer – para te ter em mim. [Texto de Caru]
Categoria: Caru
CARU é natural de Feira de Santana, porém já habitou muitos lares. Salvador, Madrid, São Paulo e por último (por enquanto), Rio de Janeiro. Além de nômade convicta, é cantora, compositora e também arquiteta, urbanista e cenógrafa. Escreve em seus milhões de cadernos e diários desde muito pequena, em sua casa no interior baiano. Na música, já trabalhou com nomes diversos como Kassin, Paulo Mutti, Felipe Guedes, Alberto Continentino, Adam Esteves, Diogo Strausz e Tó Brandileone. Como compositora tem parcerias e “aprochegos” sinceros com os tropicalistas Capinan e Tom Zé. Curiosa, insaciável e com menos de 30 anos, ainda está produzindo seu primeiro documentário, junto ao seu irmão Nelson Oliveira, sobre a vida e obra do Tio-avô Fernando Santos, o primeiro professor de percussão da UFBA.
Ano que vem será diferente
O moço que passou da direita para esquerda – atrás de mim – passa agora da esquerda para a direita e tira a segunda foto. Outras cores. Outras sensações. Influenciada, eu também tiro outra. Vício do compartilhar mais uma vez. Eu quero e não quero voltar pra casa. Talvez eu deite aqui na balaustrada mesmo. Talvez eu entre pela porta da sala. Talvez eu entre com fones de ouvidos desligados. Mas isso só eu vou saber. Eu só queria silêncio. Comportamentos quase que obrigatórios. [Texto de CARU]
A vida é tão possível, neném
Ela acha. Eu paro quando ouço seu nome. Paro e penso em como é bom estar perto. Já fingi até aqui. Já tentei. Só que não dá mais. Nem quero mais tentar. Agora eu paro – outra vez – porque tenho saudades. E a primeira palavra do meu contrato era não. Eu lembro. Se soubesses o quanto eu tentei cumprir o que escrevi […] Mas a cada vez que eu saía de casa e meu olhar cruzava com o seu, um papel daquele extenso documento – da última à primeira – se dissolvia no espaço-tempo. [Texto de Caru]