Agora ele flutuava no espaço

Entrou no mar com os dois pulmões cheios de ar, o direito e o esquerdo, um tanto sôfrego, à procura do amor. A primeira onda farfalhou pelo corpo e afagou a alma. A segunda o atingiu violentamente no rosto, como uma bofetada. A terceira o cobriu por inteiro, da cabeça aos pés, afogou a alma. Não havia mais horizonte. [Texto de Eduardo Fronta]

Objetos transnetunianos podem ser vistos a corações nus

Quando acontecia o momento no qual as órbitas dos dois planetas se encontravam, vencendo a distância, o sistema todo entrava em festa. Ali, as características de cada um não eram mais diferenças, eram apenas arestas, que eram aparadas a cada translação. Tudo fazia sentido e, assim, ocorria naturalmente a lei da atração. Havia tanto movimento que a estrela, lá no meio, brilhava. Cada vez mais forte, feito ouro. Era possível ver no céu de um o brilho do outro. [Texto de Eduardo frota]

Para aquele senhor de branco ali na janela

Um dia, no entanto, outro visitante apareceu. Inesperado, lá estava ele sentado no parapeito. Vestia calça de linho crua, camisa branca com as mangas impecavelmente dobradas e sapatos lustrosamente brancos. Em uma das mãos, segurava um cigarro aceso que parecia nunca ser consumido pelo tempo, nem apagado pelo vento. Ele não dizia nada. Apenas olhava para ela com um semblante sereno, tranquilo, como se estivesse contentado em não receber atenção de ninguém. [Texto de Eduardo Frota]