Os seus sonhos ainda vão despertar contigo

Inês sonhou que vivia numa antiga cidadela do império chinês. Vestia um roupão pesado e fazia chá a homens de negócio inescrupulosos e amargos. Doíam-lhe os ombros, a coluna, os joelhos – todos os ossos. Deixou cair a xícara no tatame, olhou para o inverno que se desenhava lá fora e pensou por um instante. O que era intenção, virou ação. Saiu apenas de roupa de baixo para nunca mais preparar nenhuma infusão. [Texto de Eduardo Frota]

A ventania na janela são flores pra ela

Gente, mais um texto lindo do Eduardo Frota chegando na Kuruma’tá. Repare só esse começo: Era madrugada quando o vento, inquieto e insistente, deu início ao seu intento. Os sopros tentavam balançar as bordas das cortinas para descortinar o amor, a entrega, a conjunção carnal – o mundo inteiro que cabia naquela microesfera que era o quarto do casal.

As quimeras são coloridas feito aquarelas

Eduardo Frota nos chega com mais uma colaboração de sua prosa poética para a nossa Revista Kuruma’tá. Colaboração sempre muito bem-vinda, tanto por nós quanto pelos frequentadores da revista! Isso porque seus textos são veículos, ou passagens. Estamos aqui e, de repente, já não estamos, já não somos. “Um passo à frente / E você não está mais no mesmo lugar”, cantou Chico Science. Mas às vezes esse passo é dentro da gente. Assim Eduardo escreve, de dentro para dentro, em passos firmes. [Texto de Eduardo Frota]