Leite Moça

Quando a tia saía, ele entrava. Tinha a cópia da chave e dizia que vinha assistir outro programa na TV, já que as irmãs estavam coladas na novela. Despedia-se da tia, esperava o carro dela dobrar a esquina e corria para o armazém. Comprava a latinha. Ai, a latinha. Perfeita, redondinha, com o rótulo bonito mostrando a mocinha fresca, virginal, leitosa, segurando a cestinha. [Texto de Márcio Fabiano]

Junho

Na memória afetiva, Junho começa em março com a procissão de São José. No sertão baiano, os católicos cantavam rimas ao Santo carpinteiro, pedindo chuva para irrigar as sementes de milho. Em Junho, com a colheita farta, as rezas e canções são para o trio católico e tão nordestino: Antônio, João Batista e Pedro. Junho é meu avô acendendo a fogueira e minha avó ofertando a mesa farta. Desde menino, eu sempre olho para o céu nesse mês tão glorioso. [Texto e poema de Márcio Fabiano]

Corona, um banho de alegria

Na quarentena, posso fazer mil coisas mas não sei ainda por onde começo. Decisão, até agora, só a ida ao barbeiro. Raspei tudo. Depois de anos, voltei a ter uma baby face. Mas já me arrependi. Antes, me confundiam com o George Clooney. Hoje, é o Boy George quem sorri no meu espelho. Em nome da beleza e da minha sanidade, vou deixar crescer de novo. ^[Texto de Márcio Fabiano]