A Sobre fazer casas de papel com mãos trêmulas Revista Kuruma'tá, 11 de agosto de 202012 de agosto de 2020 Uma cidade qualquer, não importa. É mister saber que são três da madrugada e que, no canto do bar, encostada na parede mofada, há uma máquina daquelas de tocar músicas. Vai lá, pega uma moeda nos fundilhos dessa calça desalinhada e desbotada e escolhe uma. Deixa por minha conta a próxima rodada. [Texto de Eduardo Frota} Continue Reading
A De nada vale a um daltônico o quarto escuro Revista Kuruma'tá, 20 de julho de 20204 de agosto de 2020 Porque o céu é azul. Não, isto não é uma pergunta. Porque você fica rubro quando deixa-se acometer pela ira. Os arcos das íris, no entanto, permanecem coloridos. Mas ele não pode ver as cores. Monocromático, multidolorido. Daltônico, o semáforo é sempre de um amarelado perigo. Por isso permanece no quarto escuro. Trancado pelo lado de dentro e pelado, com os olhos esbugalhados, de fora. Há somente tons de breu. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading
A Se não for a bomba, então será o dia seguinte Revista Kuruma'tá, 3 de julho de 202028 de julho de 2020 Quando olharam para o céu e perceberam que aquele ponto escuro cortando o ar era uma bomba, houve pouco tempo para procurar abrigo. Havia sinais de que tudo corria, de que tudo perseguia o fluxo. Não levou uma hora, mas também não levou um minuto. Os segundos que se seguiram após o lançamento foram inclementemente mudos. Era possível ouvir as engrenagens dos relógios de pulso. O curso do tempo, a pausa para o autoindulto, um súbito arrebatamento, transes em súcubus. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading
A Sonhei com um mar que não era azul Revista Kuruma'tá, 22 de maio de 202028 de julho de 2020 Eu tive um sonho noite passada. Era uma praia de águas esverdeadas. Quase deserta, como se fosse baixa temporada. Permanecia imóvel na faixa de areia, debaixo de um sol inclemente, observando as ondas se avolumando para além da arrebentação. Lá no fundo, havia uma pessoa. Não, não era possível ver o seu rosto. Mas eu sabia quem ela era, certamente. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading
A Para os que ainda estão em casa Revista Kuruma'tá, 28 de abril de 20204 de maio de 2020 Da varanda, os versos ainda andam à espreita. Eis o que o escritor, à espera, observou sentado em seu trono – uma cadeira barata com armação de alumínio estrategicamente posicionada para que a correnteza não tornasse turva a vista que se desnudava diante de seus olhos. [Texto de Eduardo Frota] Continue Reading