Pequeno Dicionário de Arquétipos de Massa: Avatar

Texto de Fábio Fernandes


Imagem a partir de foto original disponível na Wikimedia – Domínio público

Você não é você.
Você é muitos, em você cabem multidões. Walt Whitman disse isso.
Você é muitos e muitas. E qual é o problema?
Nenhum.

Outro poeta – Oscar Wilde, você sempre faz questão de lembrar aos seus amigos menos esclarecidos – diz que a melhor maneira de acabar com uma tentação é cedendo a ela. E você segue Mr. Wilde à risca.
Por isso você se monta para a noite.

A cueca dá lugar à calcinha, a calça e a camisa ao vestido, os cabelos curtos à peruca, os óculos às lentes de contato. Olho por olho, dente por dente. Macho por fêmea. Plug and play.

Girls just want to have fun. E você – que tem horror de Nelson Rodrigues e nunca, jamais, em tempo algum quis ser, como ele tantas vezes disse a respeito de outros em suas crônicas, um contínuo de si mesmo, uma pessoa medíocre – sai pra rua pra se divertir.

Corra, Lola, Corra. Que a noite é uma criança, e agora você é uma estrela.