A quem possa interessar

Acontece que ela é baiana, de Feira de Santana! Conheci CARU no queridíssimo Festival Levada. De lá pra cá, em meio à pandemia, trocamos ideias, fizemos live e essa amizade assim se deu, com ela virando parceira aqui da Kuruma’tá, escrevendo lindamente pra gente. E a gente sempre ligado no seu talento, na sua música e sua gentileza de pessoa. Que coisa boa ter Caru por aqui. Brincamos que essa festa dela aqui é a Caruma’tá! Pois não! E hoje ela me chega com um poema, o poema A quem possa interessar. E pergunta: pode poema?! Pode sim, Caru. Tudo tem sido poesia. — Toinho Castro, editor da Kuruma’tá!

Poema de CARU


Eu sou baiana
De Feira de Santana
Mas aqui, sou só,
Sou só uma nordestina

E quando digo só
Não é que eu ache pouco
É que sempre é posto no mesmo saco
Numa prateleira bem lá de cima

De redução à uma ficção
De Bacurau à Tieta do Agreste
Mesmo sendo quase do sertão
É da novela, o sotaque que me veste

Ao seu olho:
Sempre sofro
Ou sempre rio
É terra só de mar
E nunca muito frio

Mas te digo:
Nem é só fazenda
Nem tem beira de rio
É uma cidade cheia de problema
Como qualquer outro esquema
Que você ja viu

Na família, sim
Já teve quem morreu de fome
Mas se isso lá aconteceu
Foi pra hoje eu dar meu nome

A quem possa interessar.

Foto: Nelson Oliveira