Poemas de Niterói, de Marcos Jorge Nasser

Texto de Toinho Castro


Gente, a Kuruma’tá é uma casa de poesia. Acho que a poesia tá na raiz profunda dessa empreitada na qual nos aventuramos. Então nunca negamos oportunidades de poesia, de fazer ou ler poesia. Isso acaba por alimentar um ciclo permanente de poemas indo e vindo mundo afora e adentro, passando pelo portal da Kuruma’tá. Pois que nessa dança poética nos chegou um livro que agora, lido, me é muito caro: Poemas de Niterói – 2º volume (Autografia, 2020), de Marcos Jorge Nasser.

No corre dos afazeres que a vida demanda, o livro entrou num modo de espera, que foi rompido pela urgência que a gente tem que se impor, quando se trata de abrir um livro de poemas.

Mas li sem pressa… Hoje em dia vejo uma coisa muito agoniada de ler os livros rapidamente e em sequência, e pessoas que leram vinte livros no mês. Gente, eu não consigo. Ler, pra mim, é uma viagem de trem. Tem que ter um deixar-se, tem que ter paisagem e tempo generoso. E a poesia desse livro pede isso. Muitas vezes reli um mesmo poema, afim de apreendê-lo, afim de saber dele. É um livro, então, de idas e vindas, no melhor dos sentidos, para se demorar mesmo. Não venha no afã de atropelar a poesia porque ela dita seu tempo, se decorrer.

A cada poema, que li de forma randômica, sem seguir a ordem das páginas que, afinal, é uma ordem ilusória, fui sendo cativado pela originalidade do poeta. Quando leio, nunca busco semelhanças, escolas, tendências. Busco poetas e poesias, e é bom quando a gente encontra. Marcos Jorge Nasser é poeta, e isso se delineia nitidamente no seu trabalho tão bem construído. Tem uma ourivesaria ali, sabe… um dedicar-se ao verso, um pesar a palavra em sua leveza e intensidade. Poesia para que se olhe o mundo.

Naturalmente esse texto não é uma crítica do livro, ou análise que seja. Não me atrevo… é mais um chamamento, como o próprio livro é. Um despertar pra esse trabalho tão significativo. A gente precisa mesmo procurar pela poesia, sair da zona de conforto das leituras de sempre. A poesia tá por aí, em Niterói, nas páginas de Marcos Jorge Nasser, no seu belo livro… belo mesmo! Uma edição caprichada, elegante, adornada com pinturas do próprio Nasser, num diálogo preciso com os versos. Uma riqueza, viu?!

Deixo vocês aqui, com o primeiro poema que li do livro, página aberta na sorte (e que sorte!). E sim, ainda estou a ler o livro, e o lerei por muitos anos! É desses livros ao qual a gente sempre recorre.

Um post-scriptum importante: Lançar um livro de poesia em plena pandemia, num ano que nos tirou tanto, é muita generosidade.


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Sim! Tem um 1º volume, que merece demais sua leitura. Na verdade um merecimento mútuo, não é mesmo?!