#NowPlaying Niu Uêive

Texto de Fernando Vasconcelos


#NowPlaying Tava aqui fazendo a timeline da Niu Uêive brasileira, esse fenômeno fonográfico da juventude bem nascida branca do sul que passava férias nos EUA naquele tempo que não existia internet e dominou o nosso pop anos 80 e, ainda antes do grande Júlio Barroso 1953-1984 causar com a banda Gang 90 e As Absurdettes meio B-52s (mas Júlio dizia que a inspiração era mais pra Kid Creole and The Coconuts e Gang ele tirou do Gang of Four) no MPB Shell Globo 1981 com Perdidos na Selva, quando voltou de NYC, onde chegou a ser DJ do C.B.G.B. e de onde trouxe as garotas Alice Pink Pank e Mae East, ufa pausa…

…em meio ao mar de cantoras brasileiras fazendo a linha cantora chique de barzinho ou musa emepebê, gravadora WEA lançou apenas como Marina a gatinha carioca Marina Lima em 1979 com um visual sexy hetera roqueira remetendo mais à Joan Jett, Debbie Harry, contemporâneas da new wave lançada na segunda metade dos anos 70 nos EUA. Marina, que passou a juventude na Califórnia, voltou para se lançar no mercado musical, talentosa compositora junto com o irmão Antônio Cícero. O disco nada roqueiro emplacou médio, abria com versão para Solidão de Dolores Duran e acho que Transas de Amor fez sucesso nas rádios talvez trilha de novela.

A nova gravadora Ariola bancou o segundo disco com o single Nosso Estranho Amor feat Caetano Veloso que fez um sucesso fenomenal, abrindo espaço pra Marina gravar o terceiro e mais autoral Certos Acordes, que acho uma pequena joia e tenho até hoje o vinil. De Charme do Mundo a Avenida Brasil, a perfeição pop com arranjos foda. Parei de acompanhar por aí mas estava apenas começando o sucesso de Marina Lima.

Voltando à Niu Uêive brasileira, a Blitz (nosso B-52s tropical) estourou primeiro em 1982 e a Gang 90 gravou em 1983 o fundamental álbum homônimo, o único com Júlio na formação, entrando em abertura de novela global, com a ajuda amiga de Cazuza, filho do dono da Som Livre, com a ótima Nosso Louco Amor. Telefone foi outro grande hit do álbum que tinha até uma versão de I Know But I Dont Know do Blondie. No estúdio de gravação, a banda contou com o baterista Gigante Brasil e o baixista Otávio Fialho, que tocavam com Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção, da brilhante vanguarda pop paulistana de 1980. Júlio Barroso, conhecido como o “marginal conservador” pelas roupas à David Byrne que usava, morreu em 1984 aos 30 anos, caindo da janela do apê onde morava em SP, quando enfim a Gang 90 via sucesso e dinheiro e várias bandas de pop rock estreavam no Brasil.

https://www.youtube.com/watch?v=knay1whxxHs
https://www.youtube.com/watch?v=snbLVpcw-kU

p.s. depois solto um post das várias bandas do rock brasileiro mainstream que pipocaram a partir de 1984 na rabeta da New Wave gringa que já era meio passado.