Enquanto Você Dorme

Texto de Ana Egito —

Dentre os costumes de um cotidiano, do que mais me encanta é o canto dos pássaros,  livres, se espreguiçam e se banham na terra dividida com as árvores,  as folhagens,  as flores.  

Não há canto triste no meu mundo, nem vento que corte a criatividade que comungo com meus pensamentos,  quando a perda dói no corpo, as palavras secam o choro, nada que fuja as regras malfadadas da tristeza, elas nos ensinam a andar sobre as águas como a voar planando os túmulos que fechamos, até que possamos entender sobre quem somos,  estamos sós, e somos quem queremos ser.

Dúvidas nascem com os sonhos, são reais, o que me assusta, mas não custa enxergarmos os obstáculos como pequenos frutos que caem na terra antes de madurar, precisamos entender que a perfeição é uma forma lúdica de se viver as emoções,  mas driblar as dificuldades, é mesmo um dos maiores ensinamentos.

No meu cotidiano que afronta o tempo, pode ser que a distração se disfarce de falta de atenção,  mas as noites que deixam o céu infinito em lacunas sombrias, também escondem as rezas que faço em silêncio, por mim, por você,  por quem precisa da liberdade que encontro nos passarinhos que alegram os meus dias.

Que não nos falte a sombra, o alimento, a razão,   da irracionalidade vestimos a capacidade de ludibriar o que nos oprime, a força é necessidade maior no momento de se resguardar para aquecermos um coração que bate e chora,   enquanto você dorme, eu estarei aqui, sem mesmo você saber.

Fotos de Ana Egito