Um poema de Maria Gabriela Cardoso


Nossa poeta de hoje é Maria Gabriela Cardoso, 24 anos, gaúcha de Montenegro, atualmente morando no litoral norte de Santa Catarina. Vegetariana, amante das plantas, animais e livros. Formada em Administração Pública e Auxiliar de Contabilidade. Membro do Coletivo Escreviventes e idealizadora do Coletivo Literário Escribas. Escreveu seu primeiro conto “Ela Era Eu” aos quinze anos, mas só passou a pensar na possibilidade de ser escritora aos dezenove anos após ler a biografia de Clarice Lispector. Aos vinte e um anos, passou de fato a se dedicar profissionalmente à escrita, tornando essa, a sua profissão. Escreve contos, poesias, crônicas e novelas com o pseudônimo Lua Pinkhasovna (“pinkhasôvna” ou “pinkhasóvna”)  para revistas, podcasts e antologias, assim como também para seus canais próprios intitulados Excertos Diários. Vencedora do 1° Concurso de Itapemirim/ES em homenagem ao Newton Braga e do II Concurso “Literatura de Circunstâncias”, organizado pela EdUFRR, e participante das antologias Poesia Minimalista, Infâncias, Comer é Um Ato Político, Chorando Pela Natureza: Poesias sobre a Geopolítica Ambiental,  A Poesia Não é Inofensiva, e entre outras, da Editora Toma Aí Um Poema, assim como também da Coletânea de Poemas Bertha Lutz, e Até Quando o Carnaval Chegar, da Editora Persona. Em pouco tempo, acumulou uma longa lista de trabalhos realizados em diversos canais. 

Café de Amanhã

Pão na chapa enche de açúcares
os vasos sanguíneos do burguês ao acordar 
de açúcares padece o corpo cansado
sem pão na chapa na mesa ao levantar 
 
Frutas fornecem nutrientes essenciais,
lipídeos e vitaminas que enchem o cérebro de energia; 
uma uva, uma manga, uma banana
trocam de preços todos os dias no mercado: 
a saciedade está tão cara comprar!
 
Mas o pão, o pão têm simbolismo divino 
na alimentação
foram multiplicados, são o corpo de Cristo 
cada pedaço fora dividido após terem sido ungidos 
em suas santas bênçãos
 
Hoje, à mercê do Estado
que não é divino,
nem pai, nem democrático,
o pão, de tão caro contrasta desigualmente
com miseráveis salários
condenando à inanição!
 
O pão divide o burguês do proletário;
enquanto a mão de um estica-se 
para no miolo algo ali passar 
outras, juntas, rezam à noite 
para quando, no café da manhã 
do amanhã,
o estômago logo acordar.