Independência Poética: Erika Genebra

Independência Poética é uma série de entrevistas realizadas por LORENA LACERDA

Poeta de hoje: Erika Genebra

mulher brasileira multifacetada. cheia de inquietude de si. gosta de carregar perguntas e ser curiosa das coisas do mundo. poeta, psicóloga e pesquisadora multidisciplinar. autora de “a quietude das coisas – poemas para seres vivos” é sua primeira obra literária-poética.

O que te inspirou a começar a escrever?

me perceber viva. me relacionar com a amplitude e complexidade que é se fazer vivo,

O que você faz quando percebe que está com bloqueio para novas poesias?

não sei exatamente o que você chama de bloqueio. a minha experiência é permeada por tudo que vivo, sinto, observo e atravesso. faço a seguinte leitura, as coisas se dão através do fluxo. cada momento me apresento de uma maneira. venho aprendendo a observar quando esse corpo tem fome em colocar as palavras para fora, seja digitando no notebook, ou pegando uma caneta na mão. quando o mesmo corpo escreve de outras maneiras. descansando, dançando, lendo. eu vejo como uma grande dança, com passos e ritmos diversos. se estou na presença para acolher, sinto que tudo flui para onde tem que fluir. e, cada projeto-obra, acontece como tem que acontecer. de uma maneira muito orgânica e própria,

Seu maior sonho como escritora?

tenho fome de mundo. com isso, tenho muitos sonhos. um escritor não existe sem o leitor. eu desejo ser lida,

Assunto preferido de escrever?

não escolho os assuntos. eu escrevo diante do que me atravessa. mesmo as vezes não querendo falar sobre aquilo. existe uma força própria da palavra e das temáticas para além do que escolhemos. talvez, diante da nossa experiência no mundo, os assuntos vão nos escolhendo como aliados. percebo que minha escrita é permeada sobre o tempo, o corpo, o amor. de alguma maneira de como enxergamos as coisas do mundo,

Um elogio para sua própria escrita?

não sei se é um elogio, mas é um fato. eu só sei escrever diante do que pulsa, angústia e me atravessa,

Já publicou algum livro? Quais? Caso não, tem planos?

“a quietude das coisas – poemas para seres vivos”
e-book – “maria mulher cartografia de nós”

Quais inspirações do cotidiano despertam sua escrita?

a vida. o mistério. o vazio. a morte. o assombro. o silêncio. olhar nos olhos. histórias de amor,

Qual dos seus poemas mais te define?

todos de alguma maneira me definem e nenhum me limita,

Qual a parte mais fácil e mais difícil da escrita para você?

escrever é escrever. é jorrar. é ser. abrir o corpo. os poros.
qual formato dessa escrita já é outra questão. na minha experiência em escrever a quietude, um dos desafios foi compreender o que de fato essa obra pedia em cada detalhe. esse me parece um trabalho de devoção, presença e paciência,

Qual sua obra favorita de outro autor(a)?

são tantas. a lista é enorme. sou completamente apaixonada e alucinada por Hilda Hilst,

 


Um livro de Erika Genebra

Nome da obra?

“a quietude das coisas – poemas para seres vivos”

Quando e em qual editora foi publicada?

lançado independente, em novembro de 2021,

Existe um tema central nos seus poemas/poesias? Qual?

as coisas no mundo e como nos relacionamos com elas,

As poesias são divididas em fases nessa obra? Se sim, o que te motivou a fazer isso?

cada capítulo é um corpo vivo. uma investigação sobre um tema central das coisas do mundo. não sei o que motivou, sei que essa obra precisava nascer assim,

O que te incentivou a escrever esse livro?

estar colada na minha angústia e curiosidade,

É possível destacar uma poesia que mais se assemelha a seu cotidiano?

avesso

outro jeito de ser

carrego um sentimento de profunda inadequação em me perceber no mundo. além de sempre me sentir na contramão, talvez nasci do avesso,

A sequência dos poemas conta alguma história?

arrisco dizer que de alguma maneira sim,

Existe algum posicionamento político ou cultural na obra?

tudo é político. viver é um ato político. minha obra é atravessada por essa perspectiva,

Qual a poesia mais marcante desse livro?

cada pessoa que se encontra com a obra, algo fica mais vivo. também me interessa saber sobre,