Faça uma trilha com as minhas rimas

Texto de Eduardo Frota

Foto de Michal Zacharzewski

Há um caminho arborizado a ser seguido. Rima com abrigo. Isso quer dizer que há sombra para proteger os nossos passos. Vem. Mesmo quando chove, tem. As copas das árvores funcionam como um guarda-chuva. Guarda-se nesse caminho as impressões do sol e da lua. Nesse caminho é possível ouvir o canto dos pássaros, observar os canteiros que se colocam à frente dos olhos, transpô-los é fácil – às vezes. Às vezes. Quando são intransponíveis, pegamos uma rota alternativa. É bom ter alternativas, assim como andar é bom, mas nesse caminho pode-se correr de vez em quando. Não para se chegar mais rápido ao destino – até porque, este, sabe-se lá a distância em que se encontra. Basta olhar a bússola, consultar o mapa, fazer as contas. Ou, simplesmente, seguir o ritmo. Correr é bom quando se quer sentir a brisa no rosto, tem a ver com liberdade. Esse caminho tem bifurcações, é fácil se perder nele, mas também é fácil voltar a ele, mesmo que não haja placas indicando as direções. Nesse caminho podemos andar descalços, porque as pedras são pequenas e massageiam a sola dos nossos pés cansados. Carros não podem transitar por ele, porque é uma caminhada que deve ser feita com calma, lembrando que nem tudo é perene. Nesse caminho você não precisa caminhar a sós. É bom que os melhores pensamentos lhe sirvam de companhia, de vez em quando é bom ter uma mão como guia. Tem a ver com vontade de andar ao lado enquanto a paisagem se desnuda, fluida. Podemos andar nus, se quisermos. Nus das suas e das minhas verdades. Por dentro e por fora. Desnudados de tudo, até que que a noite caia, até que seja novamente dia. Você sabe: o seu nome rima com poesia.


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