Aponte para aquela janela: A arte e a poesia de Diego Garcez Revista Kuruma'tá, 10 de agosto de 202010 de agosto de 2020 Conheci Diego Garcez anos atrás, no Recife. Trabalhamos juntos num projeto, envolvendo TI, dados, formulários e afins. Feito isto, passou-se o tempo. A gente se desconectou e não soube dele por alguns anos. Tempo que passa pra todo mundo enquanto tece reencontros. Acabou que reencontrei Diego recentemente, pelas vias do Facebook, aquela troca de surpresas. Surpresa maior a minha, pois reencontrei uma outra pessoa da que eu conhecia. Isso deve ser alguma espécie de oxímoro… deve haver uma figura de linguagem para isso, reencontrar uma pessoa que é nova pra você! Reencontrei um Diego artista, poeta, longe do Recife, de âncora lançada em Lisboa. Seus desenhos me encheram os olhos, cadenciados em versos. Que beleza! Na mesma hora pensei na Kuruma’tá, que cairiam muito bem mas páginas da Kuruma’tá. E aqui estão seus trabalhos, e até um flagrante do seu atelier, onde nascem essa imagens instigantes, que nos demandam pensamentos, que nos agarram pela retina. Algo de selvagem, algo de contido, algo de poético. Que bom no meio de uma pandemia, de uma quarentena sem fim, surgir assim uma beleza que nos encanta e comove. Que beleza, Diego! Que reencontro bom. Seja bem-vindo à Revista Kuruma’tá! Sinta-se em casa. Espero poder dia desses, sentar contigo num café em Lisboa e conversar sobre poesia e arte e sobre os dias. — Toinho Castro [Editor] PS. Essa conexão da Kuruma’tá com Portugal tá ficando séria! Desenhos e poemas de Diego Garcez canetas diversas sobre papel canson 180g A3 you love the oceanbecause you arethis sometimesviolentsometimesviolet canetas diversas sobre papel A3 Qual lado? Da Ponte 25 de Abril Quando voltoE passoPor baixo ConversoCom o diabo ExplicoA eleQue não adiantaMarcar horaCom o outroLado O esboço do nosso corcovado Porque com o trânsitoLá de cimaEle estaráSempre Atrasado Canetas e lápis diversos em papel Canson A3 180g Os Fios Que JuntamAfastam Casal de namoradosQue ainda não se viramTropeçarãoComo fios desencapadosNuma festaDaqui a sete anosBeberão o fim dos golesTomarãoUm comprimido baratoE quando loucosDescobrirão que há sete anosMoraram lado a ladoVão achar que era a balaMas foi placebofeitoCom o papelDesse desenho Nanquim e Canetas Coloridas em papel A3 180g a janelaolhou-mee dissepode apagar a luz? canetas diversas sobre papel canson 180g A3 Há sempreessa coisa da morte essa coisa de ir-seE se metade ficarmetade já foi? Há sempre a parte mortaQue vive EscoradaNa parte vivaQue Não sabe o que fazerPorque ainda nãoAprendeuA morrer Então vive a escorar-seNessa coisa de ir-se Canetas diversas sobre papel Canson 180g A3, ao som de Androginismo, Almério SeTodo mundoFosse filho deFilho deNinguém seria filho daFilho da Sonhei contigo, AlmérioComíamo-nosDeglutinávamo-nosEm pedaços grandesDe osso e prato ApósEsse amor Era tangoBailávamos CarnavalizeAlmério Frescalize-se Viadize-se Para nos CarnavalizarmosFrescalizarmo-nosE viadalizarmo-nos Sem isso, o mundo fica uma merdaPreto de um lado, branco do outroUma merda! Vendem-se Calçados Para Enfrentar a Vida No começoFizeram-me de monstroPintaram-meDe ausência Retirarammeu nome Jogaram-meNo lago de peixesdevoradores de sobressaliências SaíTranquilo Andava ainda maisErguido LogoTiraram os moldesPediram amostras E fizeramDe mimModelo Para suas botas Cuspipra dentroO AbaporuDe foraE comipra foraO AbaporuDe dentro Fiquei assim Naquim sobre papel Canson 180g A3 Hoje não teriaNadaNão fosseUma idaNa esquina E esse gato A arranharMeu juízoAzucrinarMeu instintoFerrarMinha libido Vai-te emboraMisera Foi-seAgora é teu Vira-te-vira La ursa não quer dinheiroPorque La ursa é pirangueiro(salvou foi muito) La ursa sente faltaÉ do que faz falta Por exemploEnxergarQuem está vendo Por dentroDe si mesmo Esse é meu atelier, chama-se faço a mínima ideia. Não, esse não é o nome, poderia, mas não é. Ando com muita dificuldade para nomes. São irmãos de definições e ainda não as tenho como artista, espero nunca tê-las como pessoa. Mas já tenho atelier, chamo de “tamanho”? Porque daqui vai ser difícil trabalhar com coisas maiores e as mais sujas. Não importa, vou preparar melhor com o tempo, tenho ansiedade, mas não pressa. São coisas distintas. Se estiver em Lisboa, venha me visitar. Quem sabe lhe desenho aqui, tens tempo? Podemos tomar um vinho e falar de literatura, ando a escrever um livro. Tudo parte daqui.Se estiver longe, visite-me diariamente. Todas as obras estarão à venda, exceto as que tem preço. Importante avisar: a principal obra será sempre a janela. Chamo de “studio aponteparajanela” ? A ArteDiego GarcezPernambucoPoesiaPortugalRecife
Diego, uma pororoca que deságua no Tejo Sob a Ponte 25 de Abril que une a Praia dos Milagres no Varadouro de Olinda ao Porto português. Responder