registros de um casulo antropofágico | Os escritos de O Rei Ricardo Coração de Leão Revista Kuruma'tá, 2 de junho de 20222 de junho de 2022 pintura do passado pinto brutalmente um retrato do passado ( sem nenhuma pretensão) sinto-me enclausurado E tudo que já retratei sinto estar despedaçado – Não trago mais no coração do que aquilo pelo qual fui cativado ; E de tudo isso que amei sei que um dia deixará de ser lembrado … Infeliz aquele que se vê Numa pintura feita do passado. afrescos Tudo que me dói vem do íntimo do In finito as coisas que não terminam mímeses falíveis do destino Dores diluídas em Instantes indecifráveis Momentos errôneos, dos quais não há retorno para a glória tampouco escape do sofrimento Assim, tudo que tenho são afrescos Enfeitando uma existência de influência duvidosa Aparentes na superfície enganosa e de tão falsa, talvez bela ; Detalhes esplêndidos princípios primordiais. Passeio contigoPela casa das coisas antigas e vejo tudo que um dia funcionou O rádio que não toca As roupas colocadas no cabide pela última vez As joias expostas em vitrais se até as coisas úteis envelhecem Quem sou eu pra vencer na vida? Lembro-me de quem fui um dia fragmentos recortados do passado de sentir as coisas de outra maneira de usar uma coisa útil que jamais envelheceria Erguer bandeiras em prol de Uma idéia fixa do mundo de que não importava o resto O passado é um lugar distante e solitário que volto sempre Uma coisa útil envelhecida Onde leio os livros tentando encontrar rememorando alguém que viveu E morreu No mesmo solo O mesmo tempo comum A Mesma água correndo no corpo Os olhos abertos Enxergando o mundo Apostar em ideias Inexistentes Trabalhoso esforço esquizofrênico Frente a um combate ilusório Atravesso todo o relevo E percebo a paz atormentada que há na desistência Às vezes prefiro as outras coisas do mundo Só às vezes Quando não tenho graça. chuva ácida Penso nas coisas como Passageiras. Como idéias que existem e podem morrer a qualquer instante. Como rios voadores vermelhos que chovem a doença e a violência sobre nossas cabeças afetadas Trazendo a guerra de outros estados. Como uma cortina de fumaça, penumbra dos novos ares, que avança cobrindo a luz. Ímpares impactos que deixam – apenas – marcas. Creio que o pior é quando passa Quando podemos sair da caverna do conforto febril E visitar o seio ardente da desgraça da Mãe que chora lágrimas de vida Por não poder nos aguentar. O homem – blindado de uma convicção patológica – ,Tentando entender o porquê, Procura falsas explicações nas utopias mais distantes Inventa modos , novas maneiras … Nada disso é de verdade Tudo faz parte do mecanismo do conforto Do alívio imediato Para estancar uma dor primitiva Causada pelo próprio. Mas não importa Nossas vidas são um crime que não ficará impune Uma doença a ser tratada e expelida pelo próprio organismo … A natureza nunca nos perdoará Contemplado pela Lei Aldir Blanc 2020 do município de Jundiaí-SP, o livro “registros de um casulo antropofágico” – digital e totalmente gratuito – traz uma seleção de escritos que são desenvolvidos desde 2017 por O Rei Ricardo Coração de Leão. Tratam-se de registros pessoais que, de forma íntima, revelam uma percepção solitária do mundo. As produções partem de um lugar intuitivo, que ao mesmo tempo reflete suas inspirações ligadas ao romantismo, seu caráter individualista, sentimentalista e solitário. Procurando potencializar e ressignificar em outros formatos essa poética, a solidão do autor encontra a solidão de Maria João, artista visual que apresenta suas criações principalmente na ilustração. O quotidiano, a solitude, o sentimentalismo e a fragilidade são elementos também presentes nas produções da artista que, de forma íntima e minimalista, comunica em seus desenhos os pensamentos de seu coração. CLIQUE AQUI PARA BAIXAR O LIVRO Ficha Técnica: escritos O REI RICARDO CORAÇÃO DE LEÃO ilustrações MARIANA SANTA MARIA JOÃO produção executiva LETÍCIA ROSA diagramação e design FELIPE LIMA A Lei Aldir BlancPoesiaPoesia brasileira