A poesia de Patrícia Meireles


Patrícia Meireles em cena do videoclip de Se eu partir amanhã

Relembrar

Relembrar é a única coisa
que faz sentido, agora.
sinto que estou perdido
nas lembranças de um passado
bem vivido.
Não vejo futuro, escrever
é o que me mantém vivo.
Quero alcançar o céu
e ser um anjo destemido
e voar, sem medo
que alguém me mate o sonho
de ser longe, livre e puro.
Menino de ouro, que matou
os genes e os valores snobes
que alguém lhe incutiu.
Gostava de dar amor,
a quem ódio ofereceu.
Relembro triste que, ser eu,
desiludiu, quem idealizava uma mente
que nunca existiu.
Mas relembro o que vivi,
e nunca fui senão um ser,
que é pela essência que se guia
em qualquer coisa que faz.
Sou triste por não te abraçar,
Mas feliz por ser eu.


Não vás ainda

Pouso o olhar, apesar do meu rosto
cansado, sobre a tua pele
que conheço tão bem, e tu a mim.
Hoje, eu quis dizer- te o que sinto
apesar da dor na alma, ser uma constante
agonia, perdoa-me..
Sei lá, por ser talvez um ser que nasceu
para criar, e estar no meu mundo sozinho.
Como as folhas das árvores que vão e vêm,
sinto o tempo a correr-me desesperadamente entre os dedos,
a dor ainda cresce mais em mim.
Tenho tanto para te dizer, mas não sei
como fazer, perdoa-me..
Não vás ainda..
sem a tua presença, perco a esperança
e não consigo remar.
Não vás, por mais que eu queira estar no mundo metafísico, eu pensarei em ti
mesmo não estando contigo
fisicamente, a minha alma
Acredita, nasceu para te amar.
Por isso, sei lá,
ainda é cedo para partir.


Partida

Abandono o silêncio,
e rumo à descoberta
de um ser que cobre o mundo
e um cais de areia
em sangue,
um aborto profundo…
De um ser que quis ser
e ansiava tudo aquilo
que algum dia alguém possuiu:
Ser o detentor da sua alma, perdida,
nunca se encontrou.
Então decidiu partir.
Não chores, aflita, com o meu desencontro.
Nunca fui mais que um mero ser
que sentiu demais por nascer,
numa sociedade inquieta.
Recorda-me apenas, não chores, sei lá!!!
Talvez amanhã,
o teu anjo, te torne a abraçar.


Não há algo

Não há algo,
mais terrível do que a pele.
A pele é vunerável ao tempo,
arde no peito.
há na pele o toque que a alma
precisa, para sentir que o tempo
é finito, e não um tornado
a fazer estrago no corpo,
e a degrada-lo, bruscamente
com a passagem do tempo.
O toque sensorial mais belo,
botão que acende o coração.
não há pele que substitua outra,
nem toque mais belo
que tocar na pele e sentir
o cheiro da alma, como uma flor
a desabrochar em pleno inverno;
Mãe, eu tremo de frio
sinto o sangue a esvair-me pelo corpo
Todo .
Se eu correr para os teus braços
vais conseguir ver o que eu sinto agora?


https://youtu.be/kzobpjxsahM

Patrícia Meireles, uma escritora em ascenção, ribeirapenense  escreve apenas poesia e prosa  mas recentemente quis aliar a música, escrita , das suas grandes paixões num clip, poesia declamada em dueto com a colaboração do ator Paulo Magalhães e convidou um rapper internacional Jorge MK nocivo para a edição/ masterizaçāo do mesmo bem como o instrumental.

Participou em Antologias de Poesia( Edita, 2020), ” liberdade” (chiado books) e Inventário dos poetas portugueses- Antologia do País da Poesia- vol 1 ( Maio 2021).

Lançou duas obras ” Des(ordem), o trocadilho sentido ” e ” C carta que nunca escrevi”( 2021) ambas na editora Poesiafaclube.

Continua a escrever para os jornais brigantinos, revistas e sonha continuar a partilhar o que escreve pelo mundo fora. Tem uma “alma inquieta” e é uma observadora estupefacta do mundo e é isso que a carateriza melhor.