Infância, quase Pasárgada | Poema de Eva Vilma Revista Kuruma'tá, 19 de dezembro de 202419 de dezembro de 2024 de tarde vou-me emboraaqui o tempo é sisudo e faz medo de tarde a Infância me recebe com gosto de pitangae cheiro de flor de jamboo arrebol de Infância tem cores de ipê e textura de corpo na lama de tarde, depois da chuvaa Infância me recebe à luz de lamparina com livros na camae piaba na goelade tarde a Infância é rio corrente sou sereia d’águade tardecom vento secando a saiae mão entrepernasde tardecom roupa no quaradore pés sem chinelade tardecom sol no chão do quintale canto pra Santa Clarade tardevai chuva, vem solpra enxugar o meu lençolde tardemeu sapo coaxa debaixo da camaa velha debaixo da camaa velha criava um sapodebaixo da cama com piso de chãodebaixo da casa com teto de céude tardeo rádio com pilha Rayovacatenção menina, ouça aqui o seu horóscopode tardeo pé de jamelão carregadoa meia três quartosa Conga fazendo calode tarde tanajura adivinha chuvao balde na goteiranessa casa tem goteira, pinga ni mimvou-me embora pra Infânciade tardevou sim. Eva Vilma é um tanto de seres que se reinventam sempre. Mãe, escritora capoeirista, feminista e ativista literária pelos coletivos Mulherio das Letras e Tarja Preta de Literatura Independente. Tem participação em coletâneas de poemas e cartas. É autora dos livros para infância “Ela é…” e “O Fantástico Relógio da Rute”, coautora do livro pra infâncias “Onde está?” Também são de sua autoria os livros de poesia “INômoda” e “Incandescente”. Ambos compondo coleções do Mulherio das Letras, e “Nudes”, de crônicas. Publica nas redes sociais através da página Arranjos Para Voos Poéticos, no Facebook e em sua página pessoal no instagram @eva.vilma.338. Poesia