Uma lua cheia para banhar a sua rua inteira

Andar com a cabeça para baixo, cabisbaixo, nunca mais. Há muito tempo as pessoas decidiram que era melhor olhar para cima, para as estrelas, a fim de entender seus propósitos, seus meios, seus fins aqui embaixo. Era tão óbvio: deveria ter sido sempre assim com cada um de nós, do nascimento ao óbito. Era uma nova chance para a nossa espécie, um novo paradigma para qualquer espécime terrestre. Nem CPF, nem RG, nem certidão. A posição dos astros do rebento se sobrepunham a qualquer outro tipo de argumento. [Texto de Eduardo Frota]

Aqueles que foram vistos dançando

Naquela noite, demorou os três acordes da última música para que os dois fixassem os olhares de uma maneira que, sabiam, seria única. Fagulhas, centelhas, as agruras das velhas canções de amor. Estavam no mesmo lugar, na mesma hora, no mesmo compasso. No entanto, malogravam em cruzar os passos. Seguiam diagramas mentais, nas quais marcas de sapato indicavam direções. [Texto de Eduardo Frota]

Duas badaladas para as duas da madrugada

Os sinos estão tocando. Você escuta também? É uma espécie de hino que inunda o tímpano. Consegue ouvir os timbres? Tateiam livres o ar até entrar no escuro da cabeça, outrora oca. Ouça! Os sinos estão tocando em mim e já me confundo, porque não sei dizer se isso é o começo de algo lindo ou se é de algo ruim, [Texto de Eduardo Frota]