O sertão virou mar

Hoje, no dia das professoras e professores, quero homenagear um mestre que se foi, o querido amigo, e parceiro literário, Nonato Gurgel, que nos deixou em 5 de julho, numa madrugada. Nonato era professor, poeta e escritor. Hoje suas cinzas serão jogadas ao mar, numa cerimônia de afeto, a qual não poderei comparecer mas que acompanharei de longe, conectado pelo coração. Deixo aqui, dedicado a ele neste dia, uma poesia que certamente não está a altura do que ele escreveu, mas que vai ao seu encontro, numa conversa possível entre amigos. [Texto e poema de Toinho Castro]

Canudos é aqui

A nova edição do livro A terra, o Homem, a Luta traz um belo prefácio do escritor Milton Hatoum, que linka Euclides da Cunha e Os Sertões ao escritor argentino Domingos Sarmiento, autor de Civilizacion y Barbarie. Acho que o escritor Jorge Luís Borges também faz esse link, sugerindo que o duelo entre civilização e barbárie fundamenta essas duas obras colossais da literatura latino-americana. [Texto de Nonato Gurgel]

Desconstrução do Conselheiro

Enquanto as tropas não chegam, ouço aboios, ouço urros e berros, zumbidos, miados, cacarejos e pios ouço, ouço o estouro da boiada, o relógio da saudade. Do verde inverno gotejante, telhas, goteiras, capelas, igrejas que construímos juntos, cisternas, campos de futebol, rezas inventadas no solo seco do sertão sem ser só. Os beatos não são fanáticos, ah não são. [Texto de Nonato Gurgel]