João nunca saberia, pois Maria havia deixado aberta uma janela, justamente a da cozinha. A ventania, como um poeta em agonia, tratou de se livrar do bilhete. Acostumado a ler o jornal matinal, adestrado a dobrar e desalinhar com avidez a seção de esporte e o noticiário policial, ele nunca colocara os olhos sobre Maria. [Texto de Eduardo Frota]