Água limpa

Texto de Anderson Nogueira — O último rebento cresceu, “como o tempo passa rápido igual carreira de bode”, assim se diz por aqui. Já tem sombra de bigode e tanta espinha na cara que parece mandacaru de janeiro, que não fulora na seca. Quase nunca viu chuva, nem se lembra quantas vezes. Não conhece enchente, temporal nem sabe o que é. Água limpa nunca viu. Nem bebeu, não sabe do sem-gosto da água limpa: “água tem gosto de terra”.

Existência e coragem

Texto de Aline Valente — Depois de algum tempo olhando para aquela mulher, eu compreendi a legitimidade da falta de vontade de viver. Viver era só enfretamento para ela. A existência exigia muita coragem. E a coragem não legitimava a existência. Eu fiquei ali olhando para ela enquanto ela falava. Me perguntava de qual lugar abscôndito ela tirava força para se levantar, o pouco que fosse. Fosse pouco, era muito para enfrentar o passado e o presente.

Antonio Bivar e os Verdes vales do fim do mundo

Texto de Toinho Castro Gente, que livro maravilhoso de ler é o Verdes vales do fim do mundo, do dramaturgo Antonio Bivar! E não, não se trata de uma peça, mas um registro em prosa da temporada de Bivar, numa espécie de auto exílio na Londres dos Seventies, por um ano e uma semana, de… Continuar lendo Antonio Bivar e os Verdes vales do fim do mundo