Vovó usava o verbo “dormir” como a Bíblia usa o verbo “conhecer”: no sentido sexual. Às quatro da manhã, com um copo d’água na mão no meio da cozinha, pensava mais uma vez que, para mim, o auge da intimidade é mesmo dormir junto. Só que no sentido literal. [Texto de MAria Cristina MArtins]
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Movimentos
Poesia tem seu lugar cativo na Kuruma’tá, ainda mais a poesia de Maria Cristina Martins, que sempre abre uma janela nova aqui na revista. Aqui ela nos apresenta três poemas de sua nova lavra. Adoro essa expressão, que vem de lavoura, de lavrar a terra. E não é assim que a gente faz poesia? E para completar, acompanha o conjunto de três poemas temos ainda uma arte da série de trabalhos que Maria Cristina vem desenvolvendo com pintura. Tudo de bom na Kuruma’tá, graças a essa colaboração, esse encontro de gentes que sonham e escrevem poesia. [Poemas de Maria Cristina Martins]
Desvirado pra lua
Eu não, já me acostumei. A mãe sempre diz que nasci “desvirado pra lua”. Sei não. Desde a ocupação que teve lá na escola, tem uns colegas falando umas coisas diferentes, políticas, umas palavras difíceis, ainda não consigo entender tudo, mas fazem mais sentido do que as palavras da mãe. As pessoas acham que na perifa só tem analfabeto ou burro. É que só estudar não garante nada, não.