Meu nome é Numa Ciro Revista Kuruma'tá, 28 de junho de 201930 de dezembro de 2019 Poema de Numa Ciro A Revista Kuruma’tá tem a alegria de trazer para você a poesia de Numa Ciro. Seu Martelo Agalopado, em resposta ao Trupizupe do poeta Braulio Tavares, é a porta que se abre para um universo riquíssimo, vibrante, feito de poesia, teatro e música. Numa Ciro tem ousadia e força no seu fazer artístico, que se mistura com sua vida e a vida de quem dela se aproxima. Planeta exercendo sua gravidade e fazendo a luz girar. O poema Meu nome é Numa Ciro foi publicado originalmente no Lendário Livro. Lançado em maio de 2018 o Lendário Livro, pela Rubra Editora, é uma coletânea de poetas, com organização de Toinho Castro e participação de Numa Ciro, do próprio Toinho, Aderaldo Luciano, Braulio Tavares, Nonato Gurgel e Otto. Este Martelo Agalopado responde ao desafioMeu nome é Trupizupede Braulio Tavares Pois não tinha serventia metáfora pura ou quase o povo é omelhor artífice no seu martelo galopado no crivo do impossívelno vivo do inviável no crisol do incrível do seu galopemartelado…Galáxias – Haroldo de Campos Ao cantar desafio estou contigoOh poeta que sigo e admiroEstatura não tenho mais prefiroSer o anjo que afasta o inimigoA morada do amor é meu abrigoO desejo da rima é combinarO sentido do mote está no arQuem pegar na palavra diz o seuQuem pensar que eu não canto escute o meuÉ com ele que vou me apresentar Meu nome é Numa CiroSou a relva da CampinaMeu nome é Numa CiroA providência divina Meu nome é Numa CiroSou artista de CampinaMeu nome é Numa CiroA providência divina Sou o vôo do desejo no horizonteO riso da criança desejadaLisboa, em Pessoa, visitadaA verdade beijou a minha fronteSou La Dolce Vita de uma fonteA taça nas mãos do vencedorO peito que acolhe o perdedorA brisa da sorte na desditaSou a crença daquele que acreditaNo projeto de paz de um sonhador… Sou a voz que atravessa a escuridãoA voz da minha mãe sempre a cantarAs vozes das cantigas de ninarA conversa que esquenta o coraçãoSou boneca de pano de algodãoImitou-me a rainha de SabáDo sermão eu soletro o bê-á-báPelos meus belos olhos um impérioConquistou os recintos do mistérioSem meu canto esse mundo o que será Sou o susto da paixão inesperadaO beijo na bela adormecidaA valsa de Strauss em nossa vidaQuando o frevo revela a mascaradaCom a varinha de condão sou essa fadaSou a mão que recebe o visitanteA casa que acolhe o habitanteE a certeza do pão de cada diaEu não posso viver sem harmoniaSou Chiquinha Gonzaga e Alcione Madalena confessou o meu pecadoFui o ócio da primeira vagabundaDos meus sonhos a beleza é oriundaA história nasceu do meu passadoMeu destino pelo verso foi traçadoFui o sopro de Deus na criaçãoSou o Bumba-meu-boi do MaranhãoNo cordel sou a rima das sextilhasAlice no País das MaravilhasE as sete cataratas do sertão Sou-o-chi-ne-lo-ve-lho-pro-can-sa-çoA pausa no mundo que tem pressaO carrinho na escada de OdessaE a silhueta do velho EncouraçadoSou a água que chove no roçadoE o sol que desponta na SibériaUtopia que acaba com a misériaSou a noiva no altar do casamentoA dor que caiu no esquecimentoE o remédio que mata bactéria. Sou o dom de ler a mão de uma ciganaDe Beethoven a nona sinfoniaSou a noite que separa o dia-a-diaE o domingo entre os dias da semanaSou o fogo que alimenta a velha chamaA Natureza duradoura do amorA violeta do olhar de Liz TaylorSou o fio que desmancha o labirintoEu só falo o que penso e o que sintoSou a boca carnuda de Bardot Sou na Festa de Babette o apetiteSou a bola na cesta do basqueteAs coxas perfeitas da vedeteE a forma do belo em AfroditeSou A Nega Zefa A deusa LilithO raio de Iansã da ConceiçãoVaidade aberta em leque do pavãoSou as águas de março em abrilAs cores da Aquarela do BrasilSou a força dos cabelos de Sansão Só se fala atualmente em interneteEndereço eletrônico navegarComunica quem aprende a sitiarUma bomba que não mata mas impedeA conversa cara a cara sem confetePois eu acho esse caso muito sérioManuscrito já perdeu o seu impérioSobre isso escrevi sem nostalgiaE pra não ter o atraso de um diaEu mandei-o para Braulio por e-méio Meu nome é Numa CiroSou a relva da CampinaMeu nome é Numa CiroA providência divina Meu nome é Numa CiroSou a relva da CampinaMeu nome é Numa CiroA providência divina Aprendi com minha avó, desde menina,A fazer da cantoria vocaçãoAssistindo Retalhos do SertãoNa rádio Borborema de CampinaZé Limeira confirmou a minha sinaJames Joyce com Homero foi casadoGuimarães Flor Lispector encantadoEu não posso viver sem escrituraSe transforma em criador a criaturaQuando eu canto martelo agalopado A Braulio tavaresCampina GrandeMartelo AgalopadoNuma Ciro