Amoroso Revista Kuruma'tá, 9 de julho de 201930 de dezembro de 2019 Temos hoje o privilégio de publicar esse grande poeta que é o Nonato Gurgel. Ele nos enviou um poema que a gente pode até dizer que é inédito, pois teve uma versão publicada somente na sua página naquela rede social. Um poema porque João morreu. Um poema que responde, provoca e atiça. E antes do poema queremos aqui dizer que, além de poeta, Nonato é acadêmico, professor universitário, versado em letras e literaturas. Escreveu o trabalho Luvas na Marginália, sobre a poética de Ana Cristina Cesar. Isso pra deixar claro o papel e importância da Universidade Pública! Poema de Nonato Gurgel Para João Batista Morais e Ana Paula Cruz IUma pessoa conhecida não distingue entre cantar, encantar e inventar um jeito de cantar Uma pessoa conhecida não reconhece, na diferença, as linhagens anti musicais, desafinadas, oba-lá-láUma pessoa conhecida não tem ouvidos ‘privilegiados’, não depura o silêncio, o canto zen, undiú IIUma pessoa conhecidanão vê ‘coisas que só o coração’: menos pode ser mais amoroso em várias línguas Uma pessoa conhecidanão ouve na base da ‘nota só, bim bom, precisa’, o samba ‘vexame’, mistura de etniasUma pessoa conhecidanão segue a trilha desse ‘pouquinho de Brasil’ moderno que dá cria a cada geração IIIUma pessoa conhecida não gosta de chuva, nem gosta de sol, ‘vou te contar’Uma pessoa conhecida não ecoa a batida que afina o ouvido surdo do mundo Uma pessoa conhecida renega a voz anasalada do nordestino cheio de bossa IVUma pessoa conhecida desconhece que ‘melhor do que o silêncio só João’ A João GilbertoMúsicaMúsica BrasileiraNonato GurgelPoesia