Praia de Maracajaú, Rio Grande do Norte – Carnaval de 1998 Revista Kuruma'tá, 25 de outubro de 201911 de março de 2021 Hoje a minha mãe, Lenira Castro, faz aniversário. Enfim ela retornou à sua Natal, no Rio Grande do Norte, depois de um longo caminho por outras cidades, principalmente o Recife. Ali, na rua Pampulha, vivemos muitos anos, mais do que ela gostaria ou esperaria. Seu sonho de voltar à sua terra, à rua, sua Avenida Um, origens e família mais próxima, se realizou. Em sua homenagem, por assim dizer, publico esse seu texto de 1998, em lembranças às noites estreladas de sua infância. Esse texto é também uma delicada homenagem à minha tia Bita, irmã da minha mãe, citada de passagem no texto. Uma pessoa que assim, nas entrelinhas, junto com seu marido, meu tio Wellington, proporciona à irmã tantas coisas maravilhosas que é difícil enumerar aqui. Seu sonho sempre foi também publicar livros, escrever poemas, crônicas… aqui cumpro um pouco desse sonho. Toinho Castro (Editor e filho de dona Lenira) Texto de Lenira Castro Minha muito querida irmã comprou uma bela casa, numa praia linda, como todas as outras da minha terra, e neste carnaval fomos pra lá. Mar azul, infinitamente azul e belo durante o dia. À noite o acho dantesco e tenebroso, é uma escuridão sem fim. A praia deserta e sem luz me fez lembrar da minha rua, a rua da minha infância, onde me encantava com as noites escuras, porque o céu era um manto negro cheio de brilhante que me faziam sonhar. De repente senti uma vontade imensa de olha pra cima, como se algo tivesse me dito: Vê se encontras o teu céu perdido… Meu Deus, que surpresas me reservastes? Lá estava o céu da minha infância, igual como eu o deixei. Cheguei a gritar de emoção, chamei todos para ver comigo. Eu queria testemunhas do meu reencontro com as estrelas que eu procurava há tanto tempo. Mais de meio século que não as via, brilhantes, reluzentes sobre o mar de Maracajaú, na minha terra amada. E lá estavam o barquinho, as casinhas e tudo mais, no lindo céu do mundo. O meu céu perdido no passado. Mais de dez anos depois, gravando os depoimentos que vieram a se tornar o filme Avenida Um, ela contou novamente essa história, dessa vez para a câmera. Você pode também assistir ao filme completo no YouTube. Trecho final do filme Avenida Um A AfetoCéu norurnoCrônicaEstrelasLenira CastroLiteraturaMemóriaPraia de MaracajaúRio Grande do Norte