Experiência Copacabana #1

E a Revista Kuruma’tá faz questão de começar o ano no primeiro dia, porque não temos tempo a perder! E nesse primeiro dia a gente traz, orgulhosamente, um episódio do Experiência Copacabana, a página de crônicas sobre o bairro que inquieta, traduz, engana, mistifica, exalta e explode o Rio de Janeiro!

Toinho Castro (Editor)

Texto de Experiência Copacabana


Hoje acordei cedo para ver se a prefeitura limpou essa porcaria dessa Copacabana direito. E até que tava descente. Tendo em vista o hecatombe de humanos que vieram assistir os fogos. Ainda tinha bastante gente dormindo bêbadas pelas ruas. Eu tenho um pouco de inveja de quem consegue beber assim. Beber até cair. Não tenho essa manha. Por falar nisso. Sabe quando você tá num bar as oito da manhã virado no rolê, tomando a décima quinta saideira e daí passa alguém com fone de ouvido indo correr. Hoje era eu esse cara! Eu alterno, eu alterno. Ai passando em um boteco desses que só vão fechar no apocalipse mesmo, eu encontrei alguns amigos tomando a décima quinta saideira, aí tive que tomar umazinha com eles. Expliquei que esse ano tava focado no trabalho, economizando dinheiro e saúde e não havia feito nada no Ano Novo. Ai um deles mandou assim.

— Saca o Tim Maia?
— Sim!
— Então, ele só aguentou até o que ele aguentou pq ele ficou uma época naquela seita maluca e deu uma desintoxicada. Tá ligado?

A história mitíca do albúm Racional do Tim é invocada em mesa de doidão sempre. Pesquise no google sobre esse albúm e escute Tim Maia Racional! É um bom programa.

— Eu odeio festa de ano novo, mas eu fico ansiosa se eu deixo passar em branco. Aí acabo fazendo alguma coisa e aí não consigo mais parar até.. sei lá, dia 05. – Todos riem da piada de Bia, e de mais outra piada com branco e Ano Novo que ela fez e que eu não vou contar aqui que pode ter criança lendo. Bia é daquelas pessoas que eu conheço da noite e tenho no face mas não sigo. Figurinista ou cenógrafa. Se não me engano.

Thiago está atento ao celular. Ele é uma das figuras da mesa que eu conheço melhor. Ele é um geniozinho dos apps e programador. Trabalha para caramba, ganha bem, mas segundo ele seu trabalho é opressor e ele precisa de uma farmacologia complexa para se manter atuante na sociedade. Ele desenvolveu um app foda e que só um seleto grupo usa e esse app encontra o chilli out mais próximo.

— Sem você ter que passar o carão de ter que postar se alguém sabe se tá rolando algum eventinho as 8 da manhã. – Thiago vai explicar mais uma vez como o app dele funciona. Como ele busca o chilli out perfeito, os tipos de chilli out, se é com música ou sem, se o gráfico manipulação química ainda tá ascendente ou se a galera está já tá gastando, se tem gente solteira e até mesmo dicas de primeiro socorros. Em um certo o app apitou chamando atenção de todos na mesa.

Essa é minha deixa para ir embora. Thiago e Bia insistem para que eu vá. Dizem que é um chilli out épico em apartamento enorme da Republica do Peru, de um cara que acabou de perder o pai e herdou uma grana e o apt, que o cara tá desnorteado e quer ir até dia de reis festejando. Agradeço o convite mas termino minha long neck desejando Feliz Ano Novo para todos e finalizo dizendo para a galera beber bastante água. Indo para casa olho para os milhares e milhares de apartamentos em Copa e o que não deve de tá rolando nesse dia primeiro. Quantos surubas de arromba ainda estão em em andamento nessa primeira manhã. Aquela palhaçada de ir ver os fogos e voltar para casa é nada perto do que rola mesmo sem que ninguém veja.

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