O ano de dois mil e vinte não tá moleza pra geral. Naquele momento cintilizante dos abraços, dos fogos, dos votos de feliz ano novo e do champagne, ou da Cidra, tava todo mundo sonhando, planejando mil coisas. Mas aí o ano que veio não era exatamente aquele que a gente tava contando. E tivemos que mudar nosso planejamento.
E somente mesmo uma poeta pra pegar esse nó cego e fazer poesia, e ter ainda humor pra compartilhar com a gente, versejando com esperança. O nome disso é luz no fim do túnel. Fiquem então com os versos da poeta Izabel Nascimento, mulher cordelista, inspiradíssima, que esteve com a gente celebrando o São João, com um bate-papo certeiro com Aderaldo Luciano em que se falou sobre poesia, sobre as festas juninas e os rumos do cordel nesse país machista e com tantos desafios. Confira no nosso Instagram.
Dois mil e vinte não é mole não, mas é com poesia que a gente vai enfrentá-lo, atravessá-lo de cabeça erguida para novos brindes e sonhos.
Versos de Izabel Nascimento
Planejei comprar passagem
Para outro Continente
Porém fiz bela viagem
Visitando a minha mente
Programei muitas saídas
Mas me vi noutras medidas
De profundo ensinamento
Todo sábio é bom ouvinte
O Ano Dois Mil e Vinte
Mudou Meu Planejamento.
Meu limite do cartão
Todo mês extrapolava
Muitas coisas eu comprava
Sem a menor precisão
Hoje estando em reclusão
Mudei o procedimento
Limitei meu orçamento
Pensando no mês seguinte
O Ano Dois Mil e Vinte
Mudou Meu Planejamento.
Meu casamento marcado
Para o meio deste ano
Mas na mudança de plano
O noivo ficou zangado
Santo Antônio deu recado
Sobre o meu cancelamento
Afirmou que um casamento
Sem forró é grande acinte
O Ano Dois Mil e Vinte
Mudou Meu Planejamento.
Na ausência dos abraços
Abracei a poesia
E depois da Pandemia
Hei de renovar os laços
Fiz dos meus versos dois braços
Dando e recebendo alento
Pois afeto é no momento
O melhor contribuinte
O Ano Dois Mil e Vinte
Mudou Meu Planejamento.
Gratidão! Que a esperança continue sendo a nossa luz.