O voo ligeiro e o xêro

Texto de Caru


Alguém está perdida. Eu ouvi. De repente histórias se cruzaram. Horários confusos. Relógios trocados. Talvez não dê tempo. O portão verde está fechado. Eu quase que não entro. Quase não te vejo. Quase não encontro. Quase não ganho o xêro que desejei. E que me foi concedido. Carro. Pessoas. Caminho trocado. As unhas agora estão no volante. E mais tarde? Por enquanto, o ângulo do retrovisor não tinha me dito nada. Luzes acesas. Revelando o interior. No centro. Um beijo para começar. Arrepios densos. Pode continuar. Alguém me conta histórias pelo caminho. Eu as ouço. As escrevo. Guardo comigo. Vivo. (Re)vivo. Cada piscar, uma palavra. Cruzamentos. Sinal fechado. Convite para outro beijo. Vaga na porta. Sorte. Gemidos na entrada. O norte. Acho que cheguei. Geme lá ou aqui? Mãos enormes. Lindas. Luzes vermelhas ou verdes? Tanto faz. Acabo de ver em qualquer cor. Um dos únicos pedaços sem pêlos. Boca cheia. Língua farta. E os outros relevos. Geografias. Na faixa. Seu seio no meu. Sabemos quando encaixa. Nessa cama encontramos histórias. Solidões cruzadas. Tatuagens e seus tantos significados. Encontros. Nomes, vários. Chupávamos pitombas imaginárias ali. Nas bocas juntas ou separadas. Uma simples pergunta: posso te alisar? A unha pode te arranhar? Na sua coxa, agora sei o desenho. Talvez eu não veja mais. Será? Vi de pertinho seu furo no queixo. O voo da libélula é ligeiro. Transformações. Alguém está descobrindo novos desejos.


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