Impossível dizer que não senti | Segundo disco de Mariana Volker está nas plataformas!

Texto de Toinho Castro

Eu já ia publicar um texto com três ótimos motivos para ouvir Mariana Volker. Os motivos são os singles que ela lançou como prévia, pra esquentar os corações, enquanto seu novo disco não chegava… pois não é que chegou?! No último 21 de outubro Impossível Dizer Que Não Senti caiu nas plataformas de streaming como um alívio, um respiro, um olhar pra vida depois desses dois anos pesados, intensos, cheios de tanta dor, mas não sem esperança a permear as tentativas de seguir. E aqui estamos.

Compositora, cantora e instrumentista, Mariana mergulhou no seu piano para nos trazer nove belas composições, sendo duas delas releituras, Disk me, de Pablo Vittar, e Que se chama amor, do grupo Só pra contrariar. As demais composições ela assume de próprio punho e coração ou compartilha em parcerias com Paula Santa Rosa, Valentina Zanini, Pedro Sodré e Rudah Guedes. 

Dou play no disco e me deixo levar pela voz de Mariana, límpida e intensa, parece um tecido ao vento, que no movimento vai revelando sutilezas, dobras, profundidades. Coisa bonita de se ouvir, porque não se impõe sobre o instrumental. Numa cadência incrível ela se infiltra e amplia o trabalho da banda e do piano de Mariana, com naturalidade.

Impossível dizer que não senti pode ser escutado do começo ao fim, como a narrativa de um viver entre dores, amores, saudades. É um disco de música brasileira, dessa música brasileira que dialoga, que conversa com passados, futuros e outras terras. Uma autenticidade feita, certamente, de amor à música. Vejo Mariana como uma amante da música. Isso se reflete no seu trabalho. E de ouvir o o Brasil e o mundo, o disco tem algo de caseiro, assim senti. Mas casa com janela pra gente se debruçar, com porta aberta pra rua. Algo de dentro. Sabe?! Chegar em casa, ligar o som e deixar esse disco tocar enquanto a gente se desfaz da rotina, do trabalho, da pressão. Não que seja um disco leve. Tem uma tristeza, permeando finamente as melodias, mesmo nos momento mais alegres. Não é um tristeza pra ser evitada. É pra gente saber que ela está ali, que ela faz parte, que sobre ela muitas vezes se constrói a felicidade.

Gente, já falei muito, levado pelas canções tão bonitas que vão se sucedendo. Mariana é desse geração de mulheres talentosas demais que estão dando uma lição de como nossa música pode ser rica, diversa, complexa e tão bela. A melhor música brasileira, hoje, está sendo produzida por mulheres. Mariana tá no meio disso, inventando, arriscando, compondo, juntando pontas e parcerias e botando a gente pra cantar com ela, cantar juntinho e dançar e pensar naquele amor, naquela saudade, no porvir e na força de levar um ao outro.

Em outro universo
Tão nosso com todas estrelas
Que a gente inventou
Que a gente inventou

Nessa viagem que é mais veloz que a luz
O tempo espera o compasso do amor
Compasso do amor

Me leva
Que eu vou te levar
(Hiperespaço)

Amei Impossível dizer que não senti e tô aqui ouvindo canção a canção, lembrando histórias, pessoas e mandando link do disco pras amizades, pra que elas escutem também e viagem comigo nesse hiperespaço do amor. Nessa avenida linda que Mariana abriu pra gente. 

E eu sei que o dia vai clarear
Quando abrir a avenida
Em cores e flores só pra gente passar
(Avenida)

Agora que já falei muito, três ótimos motivos para abrir as cortinas e ouvir Impossível dizer que não senti no maior volume:


ESCUTE A PLAYLIST COMPLETA
DE IMPOSSÍVEL DIZER QUE NÃO SENTI

FICHA TÉCNICA DO DISCO:

Produção: Carolina Mathias, Pedro Sodré e Rudah Guedes
Gravado no Estúdio MG (RJ), Estúdio Carolina (RJ) e Estúdio Biscoito Fino (RJ)
Mixagem: Pedro Sodré e Gustavo Krebs
Masterização: Arthur Luna (faixas 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9) e Ricardo Garcia — Magic Master (faixa 5)
Carolina Mathias — Produção musical, baixo, vocais, teclados, synth
Manuella Terra — Bateria
Pedro Sodré — Produção musical, guitarras, synth, teclados e programação
Rudah Guedes — Produção musical, violão, clarinete, synth, teclados e programação
Bernardo Aguiar — Percussão
Antônio Neves — Trombone e Trompete
Mariana Volker — Voz, vocais, piano e violão

FAIXAS:

01 — Água e Fogo — Mariana Volker
02 — Que se chama amor (releitura grupo Só Pra Contrariar)
03 — Hiperespaço — Mariana Volker e Paula Santa Rosa
04 — Outras Pessoas — Mariana Volker e Paula Santa Rosa
05 — Disk Me (releitura Pabllo Vittar)
06 — Avenida — Mariana Volker e Valentina Zanini
07 — Constelação — Mariana Volker, Pedro Sodré e Rudah Guedes
08 — Acorda Meu Amor — Mariana Volker, Pedro Sodré e Rudah Guedes
09 — Alguma coisa que eu não sei o nome — Mariana Volker

Foto de Capa: Julia Assis
Direção de arte: Paula Santa Rosa
Arte: Mariana Volker