Professora Inês

Um poema de Toinho Castro


Inês de Sousa foi minha professora de cinema, quando estudei comunicação, no Centro de Artes e Comunicação , CAC, da UFPE, no Recife. Inês é portuguesa e há muito retornou à sua terra. Fui um aluno relapso, que se redimiu com um bom trabalho de final de disciplina, no apagar das luzes. Porque, no fim das contas, eu amava cinema e minha amiga Tandra me chamou a atenção, me puxou pra sala e Inês, olhou-me severa e disse: Você tem até amanhã pra entregar seu trabalho. Entreguei! Tirei quase 9,5, de dez, e aliviei meus pesares de aluno universitário emulando certo desdém pelo curso, como se fosse estilo.

Pude, recentemente, enviar uma mensagem para a professora Inês comentando aqueles dias, e desculpei-me por ter sido o aluno que fui. Devia isso a ela, que também amava o cinema e estava ali para dizer que ainda precisávamos aprender. Que ainda precisamos aprender. Trago Inês comigo, com meu aprendizado.

Professora Inês de Sousa – A partir de foto de Viviane Fontoura

Inês mora
Perto do Porto
Minha professora
Tardes com ela
em Plongée
O sotaque
De outra terra
Do outro lado
Do mar
Contra Plongée
Do Atlântico
Enquadramento
Da memória
Uma lembrança
Em 35mm
Leves milímetros
Livres do tempo
Do espaço
Do arco
Das navegações

Plongée
De uma sala de aula
Na Várzea, Vazia
na lousa
a grafia de Inês
em giz
Hoje Inês
mora perto
do Porto
Mas inscrita em giz
em mim
Sempre
Sempre, posso dizer
Sempre no cinema
Lembro de Inês
O acerto do olhar
sempre um sabor
de aula
Numa lembrança
de que precisamos
continuamente
reaprender
o que sabemos