Skip to content

contra o desencanto

  • Sobre KURUMA’TÁ
  • REDE AFETIVA DE CULTURAS
    • Aguaceiro
    • revista cassandra
    • Fazia Poesia
    • Macabéa Edições
    • Na ponta da Agulha
    • NC Curadorias
    • Editora Patuá
    • Revista Sucuru
    • Taioba Publicações
    • Revista Tamarina
    • Toma Aí Um Poema
    • Revista Toró

contra o desencanto

A poesia de Lorena Lacerda

Revista Kuruma'tá, 18 de novembro de 202218 de novembro de 2022

O inbox da Kuruma’tá é uma caixa mágica. Uma caixa poética, por onde me chegam as vozes diversas desse Brasil múltiplo, singular. E hoje é a vez de Salvador, Bahia, nos encantar com a poesia de Lorena Lacerda, que nos chega numa flecha só.

Seja bem-vinda, Lorena! A Kuruma’tá é nossa!


Uma flecha só

No meio da mata
A onça me ataca,
Como um camaleão
Eu me camuflo
Ela não me escuta
E nem me vê

No meio da mata
Eu vou à caça,
E então me deparo
Com uma naja,
Mas como uma boa caçadora
Já tenho meu plano B

Na caça da vida
Sou atiradora,
Não fujo de batalha
Por mais que seja desesperadora

Na caça da vida
Vou com uma flecha só,
Analiso o perímetro
Cálculo os riscos
E atiro.
Eu atirei e ninguém viu,
Senhor Oxossi é quem sabe
O que a menina pediu.


As moças que todos temem

Não é novidade pra ninguém
Que mulher com poder
Respeito não tem.

Não é novidade pra ninguém
Que ter Maria no nome
Pode assustar alguém.

Mas… As Marias dessa poesia
São as mais temidas,
São as famosas Pombagiras.

Da calunga à estrada
Da malandragem de Navalha
Temem, mas sabem pedir.

As moças sempre te ajudam
Mas da mesma forma que o mundo faz com as Marias encarnadas
Depois delas fazerem sua “função”,
Falam mal
E descarta-as


Trovões

Trovejou,
Ventou,
É o sinal….
Ela levantou.

Saiam da frente,
Com a força do búfalo
Ela irá passar,
Mas não se preocupem,
Como uma bela borboleta
Isso vai te encantar.

Me ensinou que ser forte
Não é ser bruta,
Que a vida é uma luta
Que devo ganhar de forma astuta.


Ser sua

Vire o espelho para si
Se admire em cada detalhe
Se idolatre

Não, não é egoísmo
Você precisa está bem
Faça o que lhe convém

Quem me ensinou
Foi uma bela iabá
Que se enche de ouro
A riqueza de oxalá
Principalmente quando se encontra
Com as águas de mãe Iemanjá

Colha os lírios
Fique sob o clarão da lua
E sinta como é bom
Ser sua.


Sereia

Sim, sou sereia
Com minha pele preta
Meu corpo gordo
E de cabelo curto,
Sereia que canta em um tom grave
E tem posicionamento astuto.

Com olhar nem um pouco angelical,
Sereia de água quente,
Onde o mar quase pega fogo
Onde marinheiro passa e faz cara de desgosto.

O marinheiro queria…
A minha bela voz doce,
Os meus cabelos longos e pretos,
O meu corpo curvado, perfeito!

Ah… Marinheiro
O mar pegou fogo
O peixe palhaço deu sinal,
Por que essa sereia no seu corpo
Respeitou sua ancestral.

SEREIA – Arte digital de Toinho Castro

Lorena Lacerda é poeta, Auxiliar de Secretaria e estudante das Terapias Integrativas. Soteropolitana, amante de todas as vertentes da arte, umbandista que faz parte da curimba do seu terreiro, o Templo e Escola Umbandista Pai José de Aruanda, onde canta e toca atabaque. A escrita e a música são as bases que compõem quem é Lorena, e ela compartilha tudo isso no Instagram @ecleticalorena.

A AfetoBahiaLeituraPoesiaSalvador

Navegação de Post

Previous post
Next post

Comments (3)

  1. Paula disse:
    18 de novembro de 2022 às 10:27

    Poesias que tocam na alma da gente!

    Responder
  2. Pai Marcos disse:
    18 de novembro de 2022 às 11:07

    Sucesso sempre filha !!! Oxalá abençõe

    Responder
  3. Josué da Silva disse:
    18 de novembro de 2022 às 19:40

    Parabéns! me deixou emocionado

    Responder

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

A Kuruma'tá é uma publicação da Místico Solimões
e da Rede Afetiva de Culturas

©2025 | WordPress Theme by SuperbThemes