A poesia de outono azul a sul Revista Kuruma'tá, 26 de agosto de 201910 de março de 2021 Poemas de Calí Boreaz O que a gente quer, sem dúvida, é que a Revista Kuruma’tá seja cada vez mais uma casa de poesia, que acolhe e espalha versos e poetas. E é assim, com essa afirmação necessária, que dou boas vindas a poeta Calí Boreaz, com sua poesia atravessada de moderno lirismo… escrevo como quem se abreviaàs coisas:vou ali e já voltosó uma saidinhapra arejar, ar Vou e volto e vou de novo à sua poética, ponte sobre atlânticos, entre pátrias, mátrias, luminosidades. E aqui compartilhamos com você, desses poemas, cinco desses mundos, que evocam muitos olhares e muitas vozes. seja bem-vinda, Calí Boreaz, ao fundo de rio da Kuruma’tá… Compre o livro na Blooks Livraria dedicatória vai ficando tardetardo. estou abotoandominha coragemmudei de casa, de estaçãomas de saudade não, não mudeibem tentei, nos classificados nos bondesmas teu olho esquerdo é tãodiferente do teu olho direitoninguém mais desobedientedo que o confuso de peitoestá ficando tarde. ok.tenta apreciar o manuseio de horizonteso plantio de um novo planetaainda intermitenteantes, te dedico a leve chuvaque rodeia os templos toda varanda quer ser um navio escrevo como quem se abreviaàs coisas:vou ali e já voltosó uma saidinhapra arejar, ar no dia em que sumi no mundo(nasci de parto mortal e maisninguém me viu)ali comecei discreta a construir uma varandano planeta abenluadasolidão repentea varanda do planetaficou escuramente maior maior que o próprio planetanão cabe na solidãonem mesmo nestaspalavras verticais com que vouvasculhandooxigênio enquantoempurro com todasas fraquezas o portãode parto que ainda me apartados olhos que me escrevendome expandiram abensomadaausência dia destes ainda sou capaz de zarpar, ar com elesnuma distração do silênciona varanda desarvoradaenfim feita navio o passeio passeio:passou enquanto eu passava.tudo passa, mesmo que não dê um passo fica pacificado é isto: ex-isto. #dia24 | feliz aniversário esta noite a Terrademorará um segundo a maisa dar a volta sobre si mesmao pulmão da Terraentregará um grama maisde ar aos terráqueosa água da Terraadentrará em um milímetroa incandescênciaas falhas geológicas todascausarão tremoresimperceptíveisos genomas humanosnascerão noutra ordemdurante toda a madrugadae muito mais gente do que o normalestará escutando Beethovenou Caetanocom aroma de caféou chá de laranjeiracom os pés virados para as estrelasem redes floridase eu só botei esse batom vermelhopra marcar de beijo a luapra você veronde quer que você esteja Mergulhe mais no universo de Calí Boreaz nos links: casa virtual http://www.caliboreaz.cominstagram @caliboreazcompre o livro outono azul a sul https://tinyurl.com/outono-azul-a-sul Calí Boreaz nasceu em Portugal, onde estudou Direito, em Lisboa, em meio às noites de fado e flamenco. Viveu em Bucareste, na Romênia, onde estudou língua e literatura romena e tradução literária. No virar de 2009 para 2010, atravessa o Atlântico rumo ao sul para viver no Rio de Janeiro, onde se entrega ao estudo e ao ofício do teatro. Na literatura, traduziu do romeno os romances O regresso do hooligan [ed. ASA, Portugal], de Norman Manea, e Lisboa para sempre [ed. Thesaurus, Brasil], de Mihai Zamfir. Seu livro de estreia, outono azul a sul [ed. Urutau, Portugal & Brasil], é um relato poético do exílio e da clandestinidade, e tem posfácio de João Almino e desenhos de Edgar Duvivier e António Martins-Ferreira. Integra também a coleção Identidade vol. II da Amazon Kindle com o conto islandeses. Seus textos têm aparecido também em várias revistas literárias brasileiras, portuguesas e galegas, e em exposições como a Bienal Internacional de Arte de Gaia 2019, em Portugal, e o Hyderabad Literary Festival 2019, na Índia. A calí boreazLeituraLivroPoesiaPortugalRio de Janeiro