Poema de Toinho Castro
Nonato Gurgel nos deixou ontem e hoje é seu aniversário de 60 anos. Que armadilha dos dias é essa… para você, Nonato, que não sei se me lê, um poema, como registro de meu carinho e perplexidade. Porque dia desses trocamos mensagens e você me enviou um texto carregado de ironia, Oração a Nossa Senhora da Cloroquina. Combinação fina de elegância e humor. Sua última mensagem para mim diz assim: Obrigado. Eu é que agradeço, Nonato. E aproveito a oportunidade de ainda poder te enviar mensagens.
numa operação mágica
ou matemática
verto nonato
em nonada
e abro um portal
uma porteira rangendo
e um chão sertanejo
no qual não piso
porque não me é dado
no qual não piso
por ser sagrado
nossa cabeça
inventa histórias
para distrair o corpo
para colocá-lo
em movimento
mas hoje aqui
parado
me distraio
em pensamento
e uma conversa
uma troca de mensagens
com nonato
invento
ambos recostados
na porteira
que se abriu
um por fora
e o outro por dentro
quem está dentro
e quem está fora
não se sabe
não se viu
nonato em silêncio
de repente
mira meu semblante
é uma despedida
já se vai
já se foi num instante
deixando-me em suspensão
na porteira trancada
que dor, nonato
que triste
nonada
grata pelo carinho à Nonato, amor intenso…
luz
geise gurgel
prima/irmã