Rio Grande do Norte representado na poesia de Wagner Cortês Revista Kuruma'tá, 7 de novembro de 20227 de novembro de 2022 Wagner Cortês é mais um poeta que nos chega pela nossa Chamada para Publicação. A muito nos orgulha a qualidade do trabalho que está inundando nosso inbox. Direto da cidade de Carnaúba dos Dantas, onde vive, no Rio Grande do Norte, Wagner nos brinda com sua poética que nos chama à terra, à miudeza do mundo e também à vida das gentes sobre esse mesmo mundo! Bem-vindo, Wagner! Antefaces escondeu-se pelo cuidadoseu rosto guardado metade cheiro descartável invadea respiração de um sorriso largoenclausurado pela farsa começou a chamar de risoos olhos que viam o outro Perceptível a olho nu ao seu redor tudo era vivoas formigas besouros escorpiões aranhas lacraias minhocas todos rastejadores de cotidiano habitantes de instantescada um no seu percurso tanta vida na miudeza envergonhou-se em ser pedraquebrou-se ao meio e viu a beleza de dentro seu ser-tão vivo Intransponível a estrada me olhoucom os olhos devoradores de passagempegadas de ontem enfileiradas seguiam seu curso sem volta passagem é nome-cidade de habitantes nômadessomente as marcas permanecem riscadas em caules em baixo relevo chão fezes tudo fica pra ontem Miragem sertão depois da janelao sol beijava as coisasfilhote de pássaro chamava a mãe a macambira arranhava pedras depois da janelarecriei a cena sertão tinha pernas de sariema andava na terra quentecomendo poeira de redemoinhosertão tinha olhos de espinhos facheiro avoava da cor de concrizno rastro da cascavel cantava repente e cuspia o veneno do peito depois da janela sertão rezava de unha encardida com terço na mão ave maria na boca da noite depois da janela silêncio estiagem badalava o chocalho poucosertão chorava água doceno sonho de um inverno pesado Manifesto ao mundo de gente eu grito:ódio não é coisa boaé desgraça guardada em garrafa de vidro ao mundo de genteeu digo:rancor não é coisa boaé cativeiro algozno corpo escondido ao mundo de gente eu choro:depressão não é coisa boaé sangue alvacentoinodoro ao mundo de gente eu sussurro:escuta coisas boashá chance para vidaescalar os muros ao mundo de gente eu trago oração:sorria de dentroescancare os dentesda face do seu coração Burocracia oh dia burocrático!venho por meio deste ofício pedir-lhe com muito esmero que faça um sacrifício muito simples por sinal estique a boca da segundapara que as terças, quartas, quintas e sextas-feiras desprendam o risoe façam a semana toda burocraRISAR Suicídio poético hoje me deu vontadede rasgar todos os poemas que talvez nem sejam poemasque penei em escrevê-los hoje pensei em assassinar o poeta que talvez nem seja poeta mas penei em querer sernem que fosse em um instante hoje ocasionou desânimo um fracasso descomunal pessimismo estranhoquebrei o ego do meu lápis tolo hoje não me deu vontade de poeta não me deu vontade de rima não me deu vontade vontade nenhuma hoje me entrego ao suicídio das palavras morto nos versos quem sabe assim viro poesia Foto de Wagner Cortês Wagner Cortês de Lima, nasceu em 23/04/1988, natural de Currais Novos/RN, mas mora em Carnaúba dos Dantas/RN há 20 anos. Funcionário Público efetivo do município de Carnaúba dos Dantas/RN. Foi Secretário Municipal de Cultura. Formado em Letras – Língua Portuguesa na UFRN – Campus Currais Novos/RN. É palhaço de rua, ator e músico amador. Em 2015 publicou o Livro “Subjetiva Poesia”. Publicou em 2019 o Livro Infantil, “O que é, o que é?” pela Editora Brasil Tropical. Seu último livro publicado foi “É sapo ou é boi?” pela Editora Imeph em 2021. E têm vários cordéis publicados. A Carnaúba dos DantasLiteraturaNordestePoesiaRio Grande do NorteSertão
Boa noite nobre Contador e encantador das palavras , sou muito grata e tenho um orgulho gigante de ser sua conterrânea de CD e de folear e me encantar com seus escritos. Parabéns e Deus abençoe sua vida e sua arte. Responder
wagner é o orgulho de carnaúba dos Dantas!talento tem de sobra!e humildade também!!Parabéns!! Responder