Pin. É como se assina André Egídio. Ainda há pouco também se assinou Egídio Mutamba. A vida são muitas vidas. A vida são muitas assinaturas. Pin é paranaense vivendo em Goiânia. Trabalha com barro, trabalha a cerâmica. Com mãos leves e sensíveis analisa a terra bruta, acaricia o ventre do chão. São poemas e anunciações em caminhada.
Pin chega na Kuruma’tá certeiro, com pequenos poemas que são como a Tardis do Doctor Who…
maiores por dentro que por fora
Eu 1
Eu soube, desde princípio,
Que Eu
Não chegaria a lugar nenhum
Palavras
Eu não sou muito bom com as palavras
Mas sou muito pior sem elas
Não vim para este mundo para ter medo de usá-las
Diabo
Andei por toda a cidade
Passei por todo tipo de lugar
Músicas, festas, buzinas e gritos
Mas só escutei falar do diabo quando passei
pelas igrejas
Todo mundo quer ser artista
Depois que o acesso às câmeras fotográficas foi
“democratizado” todo mundo virou artista, todo
mundo quer ser fotógrafo.
Isso é ótimo, porque o mundo precisa de mais
e mais artistas e menos gente obsessivamente
preocupado com cudosotro…
Eu 2
Eu não sou quem você pensa que é
Você não é quem eu penso que sou
Chaleira
O que esperar de uma casa sem chaleira?
Manhãs monótonas, sem sentido, bucólicas
Sem o amargo bem cevado logo cedo, não tem
porque acordar!
Escravocrata
Eu sou doente
Sempre tenho que corrigir
Aquele amigo que diz
Lisboa sua linda
Quando é Lisboa sua escravocrata demente!
Não é possível separar o passado do presente!
Há que se respeitar
(h)a gente!
Coisas da vida
Nessa vida podemos admitir muitas coisas
Mas coiso, nenhum!
Parabéns poeteiro, meu favorito “Chaleira”, e não teria como ser diferente!
Parabéns poeta de uma sílaba só! Estou orgulhosa de você!!
Parabéns poeta, artista, professor!! adorei!
Que demais!!! Mais uma faceta maravilhosa desse artista “mil e umas”. Parabéns!!!