O ser amor

Texto de Ana Egito


O Ser Amor Me encantei com o que me fez sorrir, escolhi ser meu ofício o que pudesse me permitir estar entre o tempo e o além dele, mesmo sabendo que tudo poderia ruir, se extinguir, mas a possibilidade sempre presente de reversão de todo e qualquer mal, me fez acreditar que o horizonte é infinito e tem o brilho do renascimento.

Pra tudo tem o olhar, pra todos basta o nosso olhar que interpreta o sonho, a sanha, o bem e o mal, o medo e esperança, o cinismo onde dói e lateja a dor da incapacidade de ser melhor do que o espelho reflete, o convexo diante de nossos próprios olhos. Embora pareça ser o luar encanto dos apaixonados, desdenha-se do pavor a quem na escuridão da noite se esconda e nos açoita, o medo é também parte de uma cultura que sobrevive há séculos nos mais ingênuos atos, cantigas de ninar, sedução em plena pele, na seda, nas pedras, no reflexo das águas, calmaria, tempestade. 

Quem não guarda dentro de si, vozes ocultas na ternura do colo de mãe, ou mesmo nos braços protetores que abraçam e abrandam, ainda, nas vielas sombrias que só a espera do milagre aqueceu um coração?

Em tudo vejo vontade, mas vantagem, me arrisco a dizer que é privilégio dos que ofertam, somente um coração tomado pela compaixão é capaz de reconhecer o encantamento ao findar do ato, o olhar que sobressaltado à surpresa feliz se encontra, momento mágico, luz! 

Este é meu ofício, busca intensa e incansável por uma vida que possa prolongar a alegria por um minuto que seja, pelas palavras, sons, cores e gestos que a natureza nos ensina desde nossa chegada. O que me encanta me faz sorrir, e como é emocionante ver alguém sorrindo!