A poesia de Clara Bezerra Revista Kuruma'tá, 31 de julho de 202322 de novembro de 2024 Seja bem-vinda, Clara, à Kuruma’tá. Te recebo com um abraço de conterrâneo, potiguar que sou, nascido em Natal! Toinho Castro, editor da Kuruma’tá Clara Bezerra é potiguar, nascida em Acari e criada em Cruzeta. Aos 15 anos foi morar em Natal para fazer o ensino médio. Na sequência, se formou em Letras – Língua Portuguesa e em Comunicação Social – Publicidade. Fez especialização em Planejamento Estratégico em Comunicação e mestrado em Estudos da Mídia. Trabalha com Comunicação Institucional e escreve de forma paralela, além de estudar psicanálise e dançar por prazer. “Roupa de Ganho”, obra publicada pela editora Paraquedas, é seu primeiro livro. Água de anil Vejo cenasPequenas pedras azuisDesmanchadas n’águaPara alvejar, clarearMisticismo, espiritualidade, intuiçãoA nódoa, a mancha, a sujeira que encardeO que se dissipa pela mãoEsfrega, coloca de molho, estende ao sol[para quarar O tecido se enche do cheiroImpregnado pela luzÉ o tempo que dizQual a hora de enxaguarA água ganha corAzulÉ assim com a vidaA baciaO anilEstava tudo o tempo todo aquiSó precisava mergulhar valença Que rio é que eu parto?Que rota me reparto?Que mar eu me reparo?Se caço, corroSe corpo, morroSe passoMato óvulo De que sou feitaEu?De mares, paisagensParanoias, prisõesNavios negreirosVeleiros, velas, porõesEscuroTerras áridas, úmidasVisõesDescobrimentosEncantosEu, esse pedaço de dorDividida em tratadosTordesilhasEssa terra descobertaEssas veias externas, expostasOs caminhosOs erros todos do mundoJorrando sangue, canhõesGuerrasRessentimento de tudoOs gritos de libertaçãoTambores, cançõesEssa que sou eu, aquiMuitas que fuiAntes de mimMuitas que fluemDe onde vim No erráticoIncertoDestinoAmor casulo Um libertar-sePróprio, profundoÚnico e universalUm desfazer-seAté descobrir o prazerDo fazerDe siGrãoSolto e solitárioTocar todos os cantosDa peleOuvir todos os pontosDe areiaAté trocarDe pelePara sentirO outroSentir-seOuroEm florDe céuDe salDe solTransformar-seNo seu valorMais grãoEspalhaExpandeChamaChãoNa teiaAteia-seDe siEnfimLibertaLibélulaLi bela Poesia NatalPoesiaRio Grande do Norte