Numa Ciro é a flecha atravessando o sertão do cariri, remoendo as águas do Açude Velho de Campina Grande, desobedecendo as curvas e atalhos recifenses, caindo nua-lúcida-luminosa numa reunião ordinária da Academia Brasileira de Letras. O mofo acadêmico não suportará sua carga. A poeira da velhacaria desaparecerá em desabalada carreira frente seu sopro criador. [Texto de Aderaldo Luciano]
Tag: Numa Ciro

Paisagens do interior + 2 poemas
Uma das coisas que sempre encantou em Numa Ciro é seu profundo potencial poético. Para-me ela, sempre, um poema a beira de explodir, emergir, se infiltrar na realidade, acabando por rompê-la. Numa tem humor, é esperta e cheia de ritmo. Impossível ler um poema seu, quem a conhece, sem imaginá-la cantando, soprando sua voz entre roda de amigos e incautos. [Poemas de Numa Ciro]

O dia qu’eu vi
Pedi a Numa Ciro mais um poema para a Kuruma’tá. Pedi porque acho que precisa ter mais poesia nessa revista, mais poesia em toda parte. Pedia a Numa porque ela é essencialmente uma poeta. Poeta, certamente, da loucura e de certo êxtase. Com Numa parece que o teatro grego é a feira, sentimos sabor da cantoria e as máscaras de repente nos assustam e encantam. Numa Ciro faz pontes o tempo inteiro, cosmopolita que é. A poesia reside em tudo que ela faz. [Poema de Numa Ciro]

A relva de Campina
Outro dia, tempos atrás, num mundo sem pandemia, Numa Ciro convidou a mim e minha companheira, Raquel, para assistirmos seu Cabaré Concreto. Isso foi o que? Uns três anos atrás, lá na Casa Rio, em Botafogo. O Cabaré Concreto em que Numa fazia releituras de canções, adaptava letras em temas instrumentais, provocava surpresa, emoção e nos cobria com o afeto de sua voz. Era uma espetáculo que fazia algo impossível de ser feito, resumir Numa Ciro. [Texto de Toinho Castro]

De Macabéa às minas do slam ou No princípio era a voz
Este estudo tenciona tornar audível a voz que, em mim, ecoa das leituras e releituras que faço há muitos anos, tentando acertar o meu tempo com a Hora da Estrela. Frente ao romance e, em seguida, ao filme, volto a ser criança, a que pede para que lhe conte aquela história infinitas vezes. Interrogo os mistérios inesgotáveis que habitam a poesia e a música, matérias primas desta obra. [Texto de Numa Ciro]