Vestindo o Brasil Revista Kuruma'tá, 3 de maio de 201924 de outubro de 2019 Texto de Toinho Castro Vamos falar aqui de uma beleza de trabalho que conhecemos ao visitar, pela primeira vez, a FIQC – Feira Independente de Qualquer Coisa, que é realizada na Tijuca, aqui no Rio de Janeiro, na querida praça Saenz Peña, a cada dois meses. A FIQC, por si própria, merece um texto dedicado, pelo trabalho que essa turma desenvolve com o pensamento e o fazer voltados para a tarefa linda de organizar e trazer para a rua, ou para a praça, a produção independente em áreas como arte, culinárias, moda e outras inventividades de quem bota a mão na massa para criar o novo. Ali, entre as barracas da FIQC, demos de cara com a arte delicada da Gandã Brasil, dos irmãos Enrique e Ana Melo Quintslr, que então se chamava Dibamba e que mudou de nome porque mudar é bom, é redesenhar a própria história. Quando se anda numa feira os olhos da gente ficam vagando atentos em busca de cosias que nos despertem, que nos encantem. Mal bati os olhos nas estampas da Gandã meus olhos brilharam certeiros. Havia ali um chamado potente, ancestral quase, em linhas simples e carregadas de sentido. Comoveu. A gente quando pensa em artes plásticas pensa sempre em quadros pinturas a óleo, esculturas ou gravuras. Mas tem essa arte circular, a arte da camiseta, que se insere numa mídia pop, mas que pode abarcar tradição, releituras culturais, experimentalismos e transcender o simples vestir. Se a camiseta tem algo de comunicação, as peças da Gandã, pensadas milimetricamente pela artista Ana Melo Quintslr, responsável pelas estampas que trazem vivamente os traços do Brasil profundo, dos gestos, das histórias, das pessoas, das fés. A estamparia da Gandã, que leva jeito de gravura, desconhece fronteiras ao falar do disso tudo, passando pelas matas, pelos sertões, pelos subúrbios urbanos, pelos grafismos das gentes que habitam os recônditos da nação. Conversamos na semana passada com a Ana, que contou a história dessas ideias. De como seu irmão com o dom empreendedor juntou-se a ela, que trouxe o outro dom, do fazer artístico, para juntos dialogarem com o Brasil e transmitirem essa conversa via camiseta! E sempre participando dos espaços independentes, como a FIQC e outras feiras que circulam pela cidade; sempre valorizando, com originalidade, essa independência. Então do mesmo jeito que recomendo um livro, uma peça que tá na rua e merece ser vista ou uma exposição de fotografia, eu recomendo uma camiseta com estampa da Gandã, desses dois irmãos que são, para além de tudo, gente boa e pura simpatia. Recomendo vestir essa arte vibrante e brasileira, que nos fala do que somos. Para descolar os produtos da Gandã, fique de olho na agenda da FICQ – feira Independente de Qualquer Coisa e no Facebook da própria Gandã Brasil. Clique aqui para a loja online. Texto de Toinho Castro A AfetoArtes plásticasEstampariaGravurasModaRio de Janeiro