Texto de CARU
É bom estar perto. Estar perto de coisas que já me fizeram feliz um dia. E que hoje ainda me fazem. Reconheço. Estar perto de você. Mas quem é você, nesse intervalo de respiros e suspiros? Quem é você? Como chegou? Como me invadiu e rasgou todos os papéis do contrato que fiz comigo mesma? A primeira primeira palavra desse contrato era “não”. Uma negativa dentro de um corpo tão positivo. Tantos nãos numa vida que acabou me trazendo você. Uma vida que é generosa e eu escrevendo negativas por aí. Escrevo todos os dias com esse nome na minha cabeça. Não sei se é um exagero. Ela acha. Eu paro quando ouço seu nome. Paro e penso em como é bom estar perto. Já fingi até aqui. Já tentei. Só que não dá mais. Nem quero mais tentar. Agora eu paro – outra vez – porque tenho saudades. E a primeira palavra do meu contrato era não. Eu lembro. Se soubesses o quanto eu tentei cumprir o que escrevi […] Mas a cada vez que eu saía de casa e meu olhar cruzava com o seu, um papel daquele extenso documento – da última à primeira – se dissolvia no espaço-tempo. É quase como uma confissão. Uma lição. Um conselho. Um abraço. O seu. E olha só, como tudo é mesmo complicado? Já te disse pra você fazer o que quiser com o que te dou. E como é bonito não se privar. Fazer o que tiver vontade de fazer. Mergulha no mar da Bahia comigo. Eu ofereço profundidade mas também te dou o chão que você precisa para dar pé. É infinito mas é seguro. Da última vez, gravei cada pedaço do seu rosto. Do seu corpo. Eu ia viajar. Você depois. Longe da pele que me faz arrepiar só de pensar, lembro do jeito que só você tem de se deitar em meu colo. Transformei meu contrato num calendário e agora vou contando e cortando os dias que passam, até te encontrar. De novo.