Poemas na quarentena – Tássia Veríssimo Revista Kuruma'tá, 8 de junho de 202011 de março de 2021 Numa segunda-feira de tempo nublado, nesse outono no Rio de Janeiro, a poesia é uma iluminação muito bem-vinda. Em sua segunda colaboração com a Revista Kuruma’tá, Tássia Veríssimo nos traz esses versos sobre esse estar em casa tão diferente de uma quarentena, por conta de uma pandemia, vendo o mundo pelas janelas digitais dos aplicativos. As vidas 4K a desfilar na timeline. E a gente? Poemas de Tássia Veríssimo Pandemia I Resolveu que precisava de plantas pela casaAquelas pessoas felizes, em suas casas felizesQue compartilhavam tudo nas telasElas tinham filhos perfeitos, artísticos, poetas, músicosAcho que conseguiriam até construir um prédio de dez andaresTudo isso aos três anos e meio de idadeEm suas salas perfeitasDe suas vidas perfeitasSem medos nem ansiedadesAquelas pessoas perfeitas, com filhos perfeitosTinham samambaias e cactosMas cactos grandes. Aqueles pequenos saíram de modaTalvez se ela, que não tinha filhos perfeitosQue só tinha uma cachorra que nem sabia o truque de deitar e rolarComprasse uma samambaiaQuem sabe seria perfeitaComo a foto editada de um celular. Pandemia II O café da manhã posto na mesa da salaque faz as vezes de escritórioA janela aberta, persianas levantadasem busca de um pouco de arO mesmo cenárioJanelas retangulares num edifício retangularBegecomo a vida em isolamentocomo o desencanto com um país que não ée não sendo nos desamparaBege Bege BegeCom a imaginação que me restae a sanidade que me faltapinto cada andar de uma corNa reclusão autoimpostacrio um arco-íris. arte de toinho castro A LeituraPoesiaQuarentenaTássia Veríssimo
Poemas escritos de maneira clara resultando em ótima compreensão para o leitor. Esse é o diferencial de quem sabe bem escrever. Parabéns a autora. Responder